SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS) - O juiz da 13ª Vara Federal de Curitiba, Sérgio Moro, marcou hoje as audiências de testemunhas na ação penal a que o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, sua mulher, Marisa Letícia, e mais seis pessoas respondem na Operação Lava Jato. Com isso, os depoimentos de testemunhas de acusação e de defesa serão realizados nos dias 21, 23 e 25 de novembro em Curitiba, onde as investigações estão centralizadas. As informações são da Agência Brasil.
Entre os depoentes estão réus que assinaram acordos de delação premiada, como o ex-senador Delcídio do Amaral (MS), o empresário Fernando Baiano e os ex-diretores da Petrobras Paulo Roberto Costa, Nestor Cerveró e Pedro Barusco, além do ex-deputado federal Pedro Corrêa (PE).
Na ação penal, Lula é acusado pela força-tarefa de procuradores da Lava Jato de receber R$ 3,7 milhões de propina de empresas envolvidas no esquema de corrupção da Petrobras, por meio de vantagens indevidas, como a reforma de um apartamento tríplex em Guarujá (SP), e pagamento de despesas com guarda-volumes para os objetos que ele ganhou quando estava na Presidência. As vantagens teriam sido pagas pela empreiteira OAS.
Também foram denunciados pelo Ministério Público Federal o presidente do Instituto Lula, Paulo Okamotto; o ex-presidente da OAS Léo Pinheiro; Agenor Franklin Magalhães Medeiros; Paulo Roberto Valente Gordilho; Fábio Hori Yonamine e Roberto Moreira Ferreira, todos ligadas à empreiteira.
A denúncia foi aceita pelo juiz Moro no dia 20 de setembro. Na ocasião, a defesa de Lula disse que a decisão não causou surpresa. "Nem mesmo os defeitos formais da peça acusatória e a ausência de uma prova contra Lula, como amplamente reconhecido pela comunidade jurídica, impediu que o referido juiz levasse adiante o que há muito havia deixado claro que faria: impor a Lula um crime que jamais praticou", disseram os advogados.
Em nota divulgada hoje, a defesa de Lula afirmou que decisão de iniciar a tramitação da ação penal reforça a existência de um cronograma condenatório do ex-presidente. A defesa também reafirmou que os atos de Moro são nulos.
"Nesse processo não há diferenciação entre o órgão da acusação e o julgador, o que o torna manifestamente ilegítimo. Por outro lado, a decisão indefere provas relevantes requeridas pela defesa. O próprio juiz chega a afirmar que não há valores oriundos de contratos da Petrobras destinados especificamente em favor do ex-presidente", argumenta a defesa.
Ação contra delegado da Polícia Federal
A defesa do ex-presidente Lula também anunciou hoje que entrou com uma ação de reparação por danos morais contra o delegado da Polícia Federal Felipe Pace.
Na ação, os advogados pedem o ressarcimento de R$ 100 mil por entenderem que o delegado atacou a honra e a reputação de Lula ao afirmar que o ex-presidente seria a pessoa citada pelo codinome amigo em uma suposta planilha de pagamento de propina da empreiteira Odebrecht. O citado delegado federal cometeu abuso ao usar de sua função pública para afirmar, sem qualquer prova e, ainda, sem ser a autoridade responsável pela investigação, que Lula seria o amigo mencionado em uma suposta planilha que faria referência a supostas vantagens indevidas, argumentou a defesa.
Na segunda-feira (24), a Polícia Federal afirmou que investiga se empresário Marcelo Odebrecht, preso na Operação Lava Jato, usava os codinomes amigo, amigo de meu pai e amigo de EO [Emílio Odebrecht, pai de Marcelo] para se referir ao ex-presidente Lula.
Em um dos trechos do documento, a PF diz que a investigação das planilhas apreendidas revelou que os pagamentos no total de R$ 8 milhões foram debitados do saldo da conta-corrente da propina que correspondia ao agente identificado pelo codinome de amigo. A PF diz, no relatório, que há respaldo probatório e coerência investigativa em se considerar que o termo amigo faz referência à Lula.
No relatório, o delegado Felipe Pace disse que a responsabilidade criminal do ex-presidente da República não é feita pelo grupo de trabalho da Lava Jato, do qual ele faz parte, mas por outro delegado, Márcio Anselmo, que já investiga Lula.
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