PAULA SPERB
PORTO ALEGRE, RS (FOLHAPRESS) - Candidato da situação, o atual vice-prefeito de Porto Alegre, Sebastião Melo (PMDB), fez 25,93% dos votos e diz que foi o terceiro colocado: "o primeiro é o voto nulo, branco e abstenções [38,4%], o segundo é o Marchezan [29,84%], do PSDB.
Melo falou enquanto aguardava notícias sobre o desaparecimento de um de seus coordenadores de campanha, na manhã da última segunda-feira (17);
Abalado, Melo pedia a assessores que prestassem auxílio à família de Plínio Zalewski, 53, que foi encontrado morto horas depois.
Melo aparece com 33% das intenções de voto na última pesquisa Ibope, atrás de Marchezan, com 44%.
Pergunta - Como avalia a campanha até o segundo turno?
Melo - Desde os movimentos de 2013, há uma profunda contestação da política tradicional. O resultado, quase 40% anularam, votaram em branco ou se abstiveram, é exatamente um espelho disso. O vitorioso foi a descrença.
- É a primeira vez que a esquerda fica de fora no segundo turno.
- A esquerda não chegar ao turno é por tudo isso que aconteceu no Brasil. Mas, faça-se justiça, na eleição passada o PT já não tinha ido bem aqui em Porto Alegre -Adão Villaverde (PT) ficou fora do segundo turno-, Manuela D'Ávila (PCdoB) perdeu para José Fortunati (PDT)]. Fiquei em terceiro [25,93 %], porque o primeiro é voto nulo, branco e abstenções [38,4%], o segundo é o Marchezan [29,84%].
- O que pensa sobre a campanha pelo voto nulo?
- Acho equivocado. A pregação do voto nulo é negar a política. Negar a política é [promover] o surgimento de salvadores da pátria, o que é muito perigoso. A gente já viu isso com o Collor em 1989, a gente vê isso em algumas figuras que estão chegando. Tenho muito medo disso. Leva à escuridão.
- Como avalia o nível do debate e da propaganda?
- Meu adversário passou o primeiro turno batendo, batendo, batendo...De forma muito dissimulada agora tenta se vitimar. Fazer comparações não é baixar o nível. Quero comparações. Ele ficou 11 anos no governo, seus aliados ocupam o governo. Portanto ele é uma "oposição de ocasião".
- Quais cargos os partidos que apoiam Marchezan ocupam?
- São sete secretarias [ocupadas por partidos da coligação adversária], várias secretarias adjuntas e em torno de quase 300 espaços em diversas áreas no governo, em duas áreas, fundamentalmente: a Fundação de Assistência Social e Cidadania (Fasc), que está sob intervenção, e o Departamento de Esgotos Pluviais (DEP), ligados ao PP [partido do vice de Marchezan]. O DEP passou por um incêndio [na madrugada do dia 17] que a polícia vai apurar se é ou não criminoso. É lá onde estavam os processos que apuravam irregularidades [de desvio de verba pública].
- Qual principal proposta para segurança pública?
- Sou um vice-prefeito de atitude, não sou de me omitir. Se for prefeito vou cuidar pessoalmente da segurança pública. Vou instalar um comitê de crise e semanalmente vou comandar as reuniões. Vou buscar um convênio com a Brigada Militar [a PM gaúcha] para pagar horas-extras para os brigadianos.
- Como as crises financeiras estaduais e federais afetam a prefeitura?
- As finanças públicas do Brasil estão muito mal. A mesma coisa com o governo do Estado. Toda vez que o país arrecada menos, retém recursos dos municípios em Brasília.
- A perspectiva é de melhora?
= Começa a brotar uma luz no fim do túnel de aquecimento econômico.
Deixe seu comentário sobre: ""O vitorioso foi a descrença", diz candidato do PMDB sobre votos nulos"