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D. Paulo Evaristo Arns participa de homenagem por seus 95 anos

ANGELA BOLDRINI SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS) - Arcebispo emérito de São Paulo, o cardeal dom Paulo Evaristo Arns participou de evento em homenagem aos seus 95 anos, completados no dia 14 de setembro, nesta segunda-feira (24). Em fala curta diante do auditó

Da Redação

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Escrito por Da Redação
Publicado em 24.10.2016, 22:17:16 Editado em 24.10.2016, 22:20:08
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ANGELA BOLDRINI

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SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS) - Arcebispo emérito de São Paulo, o cardeal dom Paulo Evaristo Arns participou de evento em homenagem aos seus 95 anos, completados no dia 14 de setembro, nesta segunda-feira (24).

Em fala curta diante do auditório repleto de cabeças brancas e bonés vermelhos de movimentos sociais como o MST (Movimento dos Trabalhadores Sem Terra) e Pastoral do Povo de Rua, o arcebispo lembrou o líder operário Santo Dias, cujo assassinato -foi morto pela polícia enquanto participava de uma greve de metalúrgicos, em 1979- completa 37 anos nesta sexta-feira (30).

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"Há anos eu falei com o papa mais célebre do nosso tempo, Paulo 6º [1897-1978], e disse: 'o senhor pode e deve canonizar alguém'. Ele respondeu: 'quem?'. E eu disse: 'Santo Dias'", afirmou o religioso, amparado por membros da mesa que compunha a homenagem, no Teatro Tuca, em Perdizes. "E ele, o mais sábio papa dos tempos modernos, respondeu: 'não dá, porque ele já é santo, já funciona santo'."

Fragilizado pela idade, o cardeal que enfrentou a ditadura militar falava pausadamente, e, ao contrário de seus companheiros de mesa, não trouxe o momento atual da política brasileira à tona em seu discurso. Apenas agradeceu. "O discurso já está preparado, é uma palavra só, porque o povo está cansado: obrigado".

Além de d. Paulo, participaram da homenagem nomes como João Pedro Stédile, coordenador do MST, Ana Dias, viúva de Santo Dias, a reitora da PUC-SP, Anna Maria Marques Cintra, o coordenador da Pastoral Operária, Paulo Pedrini, e o secretário municipal de direitos humanos, Felipe de Paula.

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No discurso mais inflamado, Stédile pediu a d. Paulo "uma ajuda" para "não deixar aquele 'imperador de Curitiba' prender o Lula". "Reze, faça tudo o que o senhor puder para salvarmos o Lula desse impostor". D. Paulo, que visitou Lula na prisão durante o regime militar e que, em 2005, no auge do escândalo do mensalão, declarou-se decepcionado com o petista, não comentou a fala.

Corintiano, o arcebispo recebeu homenagens do coletivo Democracia Corinthiana e até um pedido de Stédile, que arrancou risos da plateia: "reze também por um centroavante para o Corinthians".

HERZOG

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O evento, que aconteceu às vésperas do aniversário da morte do jornalista Vladimir Herzog, em 25 de outubro de 1979, foi marcado por gritos de "fora, Temer". Há pouco menos de 41 anos, no dia 31 de outubro daquele ano, d. Paulo celebraria uma missa ecumênica na catedral da Sé em memória de Herzog, "suicidado" nos porões da ditadura, que se tornou marco da luta pela redemocratização.

Um dos principais nomes da luta em favor dos direitos humanos durante a ditadura militar, d. Paulo criou, em 1972, a Comissão Brasileira Justiça e Paz, que articulou denúncias contra abusos do regime.

Também foi o fundador do projeto "Brasil: Nunca Mais", que reuniu documentos oficiais sobre o uso da tortura durante o regime militar no Brasil. A iniciativa ajudou a sistematizar informações de mais de 1 milhão de páginas de 707 processos do STM (Superior Tribunal Militar).

O relatório obtido teve papel fundamental na identificação e denúncia de torturadores do regime e no esclarecimento de assassinatos e desaparecimentos do período.

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