FERNANDA CANOFRE
PORTO ALEGRE, RS (FOLHAPRESS) - As eleições municipais de Porto Alegre tiveram uma escalada de tensão neste fim de semana, após ao menos 12 tiros disparados contra a sede do comitê do PSDB e a morte de um coordenador da campanha rival, do PMDB.
Os candidatos da situação, Sebastião Melo (PMDB), e da oposição, Nelson Marchezan (PSDB), decidiram suspender suas atividades de campanha por 24 horas nesta segunda-feira (17).
Por volta de meia-noite desta segunda, a sede de campanha de Marchezan foi alvejada com dois tiros. Apenas um vigia estava no local e ninguém se feriu.
Uma hora e meia depois, com ocorrência registrada na polícia, cinco integrantes da campanha estavam no local avaliando os prejuízos quando outra vez um carro passou disparando contra o prédio. Foram ao menos dez disparos.
A Polícia Civil ainda não conseguiu identificar o carro e se um mesmo veículo foi utilizado nos dois ataques.
"Até agora ainda não há uma ligação com crime político, mas não se descarta essa hipótese. Mas não há evidências no momento. Estamos trabalhando com a hipótese de que seriam 'anarquistas', 'baderneiros'", disse o delegado César Carrion.
Um vídeo divulgado nas redes sociais pela campanha tucana mostra os cinco homens que estavam no local se jogando no chão para escapar do novo ataque. Em nota, a coordenação da campanha disse qualificar os fatos como "gravíssimos".
Em outro incidente, Plínio Zalewski, coordenador da campanha de Melo, foi encontrado morto no banheiro do diretório do PMDB, na zona central. Segundo a Polícia Civil, o banheiro estava trancado por dentro e Zalewski foi achado ao lado de uma faca, compatível com os ferimentos presentes no corpo.
"A principal linha de investigação é a hipótese de suicídio, nada que nos leve a crer que ocorreu outra situação", afirmou à reportagemo inspetor da Polícia Civil, Leonardo Silva.
Em entrevista à imprensa, no final da tarde desta segunda, Melo chorou ao falar sobre a morte do colega.
ACIRRAMENTO
Os ânimos se acirraram no sábado (15), quando houve uma inspeção da Justiça Eleitoral em um prédio que funciona como sede municipal do PMDB há mais de 30 anos. A ação ocorreu após denúncia do PSDB.
Pessoas ligadas à campanha do candidato tucano estiveram no local acompanhando a inspeção.
No domingo, em vídeo de quase dois minutos postado nas redes sociais, Melo aparece acusando uma equipe ligada ao PSDB de ter entrado no local "ilegalmente".
A campanha de Marchezan denunciou Melo por utilizar o prédio como "comitê não-declarado de campanha", um local que não constaria na declaração do peemedebista.
O prédio não possui identificação do partido na fachada, mas, diz Melo, é utilizado por ele frequentemente em entrevistas com a imprensa.
Ainda na madrugada de segunda, um incêndio foi registrado na sede do DEP (Departamento de Esgotos Pluviais), próximo ao edifício da campanha de Marchezan. No local teria sido encontrado um galão vazio de cinco litros de combustível. A polícia descarta a hipótese de acidente.
"Foi constatado que se trata de um incêndio criminoso pelo que foi levantado pela perícia", afirma o delegado responsável pela investigação, Daniel Mendelski.
O departamento é controlado por pessoas indicadas pelo Partido Progressista, que anunciou apoio a Marchezan e nomeou o vice da chapa.
Segundo o delegado, a ligação entre o incêndio e as investigações de fraude não está descartada.
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