ESTELITA HASS CARAZZAI
CURITIBA, PR (FOLHAPRESS) - A Polícia Federal instaurou um inquérito para apurar supostos desvios na construção de termoelétricas pela Petrobras no governo de Fernando Henrique Cardoso, entre 1999 e 2001.
O inquérito, que faz parte da Operação Lava Jato, foi instaurado no dia 20 de setembro, pelo delegado federal Roberto Biasoli.
A investigação tem como base a delação do ex-diretor da estatal Nestor Cerveró, que admitiu ter recebido propinas de pelo menos US$ 700 mil durante a construção das termoelétricas.
Os valores teriam sido pagos em contas na Suíça pelas empresas Alstom e GE (General Electric), principais fornecedoras de turbinas de gás para as obras.
Também foram beneficiados com propina, segundo o delator, outros três ex-gerentes da Petrobras, além do então diretor de Gás e Energia, Delcídio do Amaral -na época, filiado ao PSDB.
Posteriormente, ele foi eleito senador pelo PT e preso no ano passado, por planejar uma rota de fuga para Cerveró. Hoje, é delator da Lava Jato.
Delcídio, que era próximo dos executivos da Alstom, segundo Cerveró, teria recebido cerca de US$ 10 milhões em propina da empresa.
A construção de termoelétricas foi adotada pelo governo FHC (1995 e 2002) na época do apagão de energia, no início dos anos 2000, para evitar novos blecautes.
OUTRO LADO
A defesa de Delcídio nega envolvimento do ex-senador em irregularidades nas usinas termoelétricas, e diz que a delação de Cerveró é "mentirosa".
"Negamos peremptoriamente. Delcídio não teve conta no exterior, não recebeu isso aí", disse o advogado Figueiredo Bastos.
A General Electric informou que não foi notificada sobre a investigação e que, por isso, não iria se manifestar.
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