DANIELA LIMA E THAIS BILENKY
SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS) - Aposta do governador Geraldo Alckmin (PSDB), o tucano João Doria foi eleito prefeito da cidade de São Paulo neste domingo (2). Com 91,72% das urnas apuradas, Doria tinha 53,28% dos votos válidos, contra 16,64% do prefeito Fernando Haddad (PT), que tentava a reeleição.
O petista ligou para o tucano para cumprimentá-lo pela vitória já no primeiro turno da eleição.
Doria é o primeiro a liquidar a corrida paulistana sem disputar o segundo turno desde a redemocratização.
O feito representa uma vitória política sem precedentes não apenas para o prefeito eleito, mas principalmente para seu padrinho político. Alckmin peitou boa parte da cúpula do PSDB nacional ao apoiar a candidatura de Doria. Por várias vezes durante a campanha, o então candidato afirmou que sua vitória em São Paulo iria catapultar uma eleição do hoje governador à Presidência em 2018.
Doria iniciou a corrida paulistana como um total desconhecido da maioria da população. Escolheu dois motes para a sua campanha: apostou forte no sentimento antipetista e na rejeição à política tradicional.
"Eu não sou político, sou um empresário, um gestor", repetia à exaustão. Logo no início da disputa, fez uma série de ataques ao ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, que chegou a chamar de "sem-vergonha, mentiroso e covarde".
A fórmula deu certo e especialmente nos últimos 15 dias antes da eleição Doria começou a se distanciar dos rivais. Na reta final, consolidou a liderança da eleição municipal e acabou poupado de ataques dos rivais nos debates televisivos que se concentraram em trocar ataques na tentativa de conquistar a outra vaga de um segundo turno.
Isso favoreceu o tucano, que teve um palco tranquilo para se apresentar e afiar o discurso. Doria pregou uma gestão descentralizada e se destacou ao assumir uma disposição em ampliar o espaço da iniciativa privada na gestão da cidade, prometendo privatizações de parques e concessões até para a administração dos cemitérios.
Doria montou o mais amplo arco de alianças entre todos os candidatos —13 partidos o apoiaram— o que lhe garantiu o maior tempo de propaganda eleitoral na televisão e no rádio, fator que foi determinante para ele disparar nas pesquisas na reta final da eleição.
PRÉVIAS
Para ser o candidato do PSDB, Doria disputou as prévias do partido contra o vereador Andrea Matarazzo, que acabou abandonando a disputa acusando o empresário de ter comprado votos, com o apoio da máquina do governo Estadual. O acirramento da disputa resultou em um racha no PSDB paulistano. De um lado, Doria e Alckmin. Do outro, Matarazzo, que contava com o apoio dos principais caciques do partido no Estado, como o ex-presidente Fernando Henrique Cardoso, José Serra, José Aníbal e Alberto Goldman.
Após o embate com Doria, Matarazzo decide deixar o PSDB, partido no qual militou por mais de 20 anos. Ele se filiou ao PSD, do ministro Gilberto Kassab (Comunicações), e depois se tornou candidato a vice na chapa de Marta Suplicy (PMDB).
A cisão das prévias deixou cicatrizes nas bases do partido. Mesmo quando Doria já decolava nas pesquisas, um terço da direção municipal do PSDB abandonou seus cargos em um boicote à candidatura dele.
Doria sempre minimizou esses episódios e disse que Matarazzo se portava como um "mau perdedor". Na reta final da disputa, FHC e Aníbal gravaram vídeos de apoio à candidatura de Doria. Só Serra manteve distância do agora prefeito eleito até o final da campanha.
Em entrevista na última sexta (30), Alckmin respondeu às acusações de que criou um racha no tucanato. "A prévia não divide, ela escolhe", afirmou.
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