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PT chega às urnas com discurso à esquerda e 50% menos candidatos

JOÃO PEDRO PITOMBO SALVADOR, BA (FOLHAPRESS) - Na primeira eleição fora do governo federal desde 2003, o PT retomou discurso à esquerda e deve enfrentar neste domingo (2) o pleito mais difícil de sua história. O número de candidatos a prefeito despencou

Da Redação

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Escrito por Da Redação
Publicado em 02.10.2016, 12:48:11 Editado em 02.10.2016, 12:50:08
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JOÃO PEDRO PITOMBO

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SALVADOR, BA (FOLHAPRESS) - Na primeira eleição fora do governo federal desde 2003, o PT retomou discurso à esquerda e deve enfrentar neste domingo (2) o pleito mais difícil de sua história.

O número de candidatos a prefeito despencou quase 50% em comparação a quatro anos atrás, caindo de 1.901 para 971.

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O cenário é resultado da crise do partido, que tem sus principais líderes investigados na operação Lava Jato e viu a ex-presidente Dilma Rousseff ser apeada da Presidência pelo impeachment.

A maior parte da debandada aconteceu entre "cristãos-novos": militantes recentes que surfaram na onda petista, mas deixaram o partido em seu período de baixa.

"São pessoas que não tinham identidade com o partido", afirma Florisvaldo Souza, secretário nacional de organização do PT.

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A Bahia, governada pelo PT desde 2007, é um exemplo claro deste movimento. O PT baiano tinha 21 prefeituras em 2004, cresceu para 67 em 2008 e para 92 em 2012 -um avanço de 340% em oito anos.

Dos 92 prefeitos eleitos em 2012, 55 haviam se filiado ao partido após a eleição de Jaques Wagner (PT) para o governo em 2007. Destes, 32 formam para o partido apenas um ano antes da última eleição municipal.

Este ano, no entanto, o PT lançou apenas 112 candidatos a prefeito na Bahia e estima eleger cerca de 60 -o que seria uma queda de 35% em relação a 2012.

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"Botamos o pé no freio e apostamos num processo de depuração", afirma o presidente estadual do PT, Everaldo Anunciação.

Em algumas situações, a saída do PT foi feita de comum acordo, dentro da base aliada. Foi caso do prefeito de Xique-xique (585 km de Salvador), Uilson Monteiro, que trocou o PT pelo PSD, mas manteve o apoio dos petistas.

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Na maioria dos casos, contudo, a debandada foi unilateral. Em Itapetinga, sudoeste baiano, o prefeito José Carlos Moura recusou-se a apoiar um sucessor petista e rompeu com o partido para apoiar um sucessor no PDT.

Historicamente ligado ao senador Antônio Carlos Magalhães (1927-2007), Moura filiou-se ao PT em 2007, após a vitória de Jaques Wagner.

Sem rumo, os petistas da cidade que restaram, históricos, não apoiaram nenhum candidato nas eleições deste ano.

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Além da Bahia, o PT também perdeu representatividade em Estados que já governou. É o caso de Mato Grosso do Sul, onde os petistas terão candidatos a prefeito em apenas oito cidades este ano contra 25 há quatro anos.

HISTÓRICOS

Para o secretário nacional de organização do PT, Florisvaldo Souza, a campanha de 2016 será marcada pela resistência do partido ao "golpe" e aos ataques que vem sofrendo.

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"Conseguimos abrir um diálogo com a população e isso nos trará resultados que vão muito além do resultado nas urnas", afirma.

Militantes históricos reassumiram o protagonismo em muitas cidades e o partido adotou um discurso mais à esquerda, buscando resgatar antigas bandeiras.

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Em João Pessoa (PB), onde o prefeito Luciano Cartaxo saiu do PT e vai para as urnas pelo PSD, com apoio de PMDB e PSDB, os petistas lançaram a modesta candidatura do Professor Charliton -militante histórico filiado em 1987.

Em Vitória (ES), o candidato é o decano Perly Cipriano, 73, fundador do partido no Espírito Santo. Em Porto Alegre (RS), resgataram o ex-prefeito Raul Pont, 72.

Na Bahia, o partido apostou em antigos quadros do partido, incluindo ex-prefeitos de cidades médias como Lauro de Freitas, Senhor do Bonfim e Cruz das Almas.

Também ganharam espaço sindicalistas e membros de entidades de agricultura familiar, caso da deputada estadual Neusa Cadore (PT).

Ela voltou a disputar a prefeitura de Pintadas, cidade de 10 mil habitantes no sertão baiano, duas décadas depois de ser eleita prefeita pela primeira vez.

A cidade é reduto petista desde 1996 e foi "laboratório" de várias iniciativas que se tornaram marca do partido, como o orçamento participativo e economia solidária.

Foi a primeira cidade do Nordeste a ter cisternas em 100% das casas da zona rural e foi beneficiada por programas federais na construção de 460 casas e na implantação de um polo universitário.

"Voltar foi uma decisão acertada porque era preciso fazer uma autocrítica dos nossos erros e defender nosso legado", afirma Cadore.

Segundo ela, a participação dos jovens na sua campanha aponta um caminho para o futuro: "Mesmo que não vença as eleições, não me arrependo".

Pintadas é município a mais tempo governado pelo PT em todo o país -posto que divide com outra cidade baiana: Vitória da Conquista.

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