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Milícias cobram pedágio para candidatos fazerem campanha no Rio

LUCAS VETTORAZZO RIO DE JANEIRO, RJ (FOLHAPRESS) - As milícias, grupos paramilitares formados por policiais militares e civis, bombeiros e civis que exploram serviços como distribuição e gás e TV a cabo em zonas carentes do Rio de Janeiro, estão cobrando

Da Redação

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Escrito por Da Redação
Publicado em 28.09.2016, 18:13:32 Editado em 29.09.2016, 10:17:31
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LUCAS VETTORAZZO

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RIO DE JANEIRO, RJ (FOLHAPRESS) - As milícias, grupos paramilitares formados por policiais militares e civis, bombeiros e civis que exploram serviços como distribuição e gás e TV a cabo em zonas carentes do Rio de Janeiro, estão cobrando taxas para que candidatos a vereador possam fazer campanhas em seus domínios.

As milícias atuam principalmente em bairros da zona oeste, como Campo Grande e Santa Cruz, e também em municípios da região metropolitana.

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Após expandirem-se em territórios dominados no fim dos anos 1990 por traficantes de drogas, os grupos passaram a cobrar da população taxas de serviços básicos e também proteção aos comerciantes, além de dominar a venda de combustíveis e o transporte com vans.

A reportagem confirmou com dirigentes de partidos que atuam na região a necessidade de pagamento aos grupos para que candidatos façam campanhas em seus domínios. Sob condição de anonimato, disseram que é uma prática comum, que não foi estreada na campanha deste ano.

O sistema funciona da seguinte maneira: o candidato paga um valor para ter direito a fazer caminhada no interior de bairros e também para ter seus materiais de campanha expostos nesses locais. Como os bairros das zonas norte e oeste são os mais populosos e que costumam decidir as eleições da capital, o pagamento do candidato funciona basicamente como uma espécie de concorrência desleal. O mesmo estaria ocorrendo em municípios da Baixada Fluminense, como Nova Iguaçu, Duque de Caxias e Seropédica.

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Segundo reportagem do jornal "O Globo", os valores cobrados variam de R$ 60 mil a R$ 120 mil.

Os candidatos à Prefeitura do Rio disseram que não costumam pedir autorização para fazer campanha pelas ruas desses locais.

Quando precisam fazer panfletagem ou corpo a corpo, disseram pelo menos três campanhas, vão a locais de grande circulação de pessoas ou a conhecidos centros comerciais da região, como o Calçadão de Campo Grande ou de Bangu.

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O Estado do Rio já teve ao menos 15 assassinatos de candidatos a vereador desde o final do ano passado. Já houve assassinato de candidatos em cidades da Baixada como Nova Iguaçu, Duque de Caxias, Nilópolis, Magé, Seropédica e Itaboraí.

Reportagem da Folha de S.Paulo no início deste mês registrou que, segundo a Polícia Civil, ao menos 6 dos 15 crimes foram motivados por disputas entre milicianos.

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Outros dois crimes teriam sido cometidos por grupos de extermínio sem ligação clara com a milícia. Haveria ainda quatro pessoas mortas por ações de traficantes de drogas. Apenas dois não teriam qualquer ligação com a política desses locais.

Procurada sobre a informação específica de pagamento para autorização de campanha no domínios das milícias, a Polícia Civil do Rio ainda não se manifestou.

A polícia investiga se a morte do presidente da Portela, Marcos Falcon, que foi fuzilado na última segunda-feira (26) dentro de seu comitê de campanha, em Madureira, zona norte da capital, teve motivação política. Ele, que era também subtenente da Polícia Militar, tentava se eleger vereador do Rio pelo PP.

No passado, integrantes de milícias da zona oeste chegaram a se eleger, por exemplo, à Câmara dos Vereadores e à Assembleia Legislativa do Rio. Uma CPI foi instalada em 2008 e diversos políticos foram presos por suspeita de ligação com os grupos paramilitares.

O vereador Luiz André Ferreira, o Deco, do PP, por exemplo, foi preso em 2011. Em 2008, foi preso o deputado estadual Natalino Guimarães (DEM). Um ano antes, seu irmão, o vereador Jerominho (PMDB), já havia sido preso, assim como sua filha, a vereadora Carminha Jerominho (PTdoB). Todos eram ligados a grupos de milícias que atuam na zona oeste.

Para garantir a segurança durante o pleito do próximo domingo, 10 mil homens do Exército, Marinha e Aeronáutica foram deslocados ao Estado do Rio. Além da capital, eles atuarão em cidades como Nova Iguaçu, São João de Meriti, Belford Roxo, Campos, Magé e Queimados.

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