'Voto útil não é democrático' afirma Erundina em campanha na zona sul

ANGELA BOLDRINI E CAROLINA LINHARES

SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS) - A candidata do PSOL à Prefeitura de São Paulo, Luiza Erundina, afirmou em evento de campanha na extrema zona sul da cidade que o "voto útil não é democrático". "Voto útil é uma imposição de um jogo que não é nada democrático", disse Erundina em visita ao Jardim Varginha, no distrito do Grajaú.

Na reta final da campanha, a menos de uma semana do primeiro turno, a candidata aparece em quinto lugar na pesquisa Datafolha divulgada nesta terça-feira (27), com 5% de intenções de voto. No início de agosto, a deputada federal aparecia em terceiro lugar, com 10%.

Erundina tem sofrido pressões de setores da esquerda, que acreditam que sua candidatura estaria retirando votos de Fernando Haddad (PT), que oscilou para 11%, em quarto lugar. "O projeto do PT não é do PSOL", afirmou a candidata. "Tanto é que existe o PSOL e alguns de nós viemos do PT. Se fôssemos tão parecidos e pudéssemos ficar juntos em tudo, não teria porque ter dois partidos."

Em entrevista à Folha de S.Paulo na semana passada, a deputada também afirmou não ver "um projeto de esquerda em disputa". Nesta terça-feira (27), ela afirmou ainda que há "uma aceitação nas ruas que não está nas pesquisas" e disse que "irá até o fim com a campanha".

MOBILIDADE

No extremo sul, a candidata visitou o comércio e afirmou que pretende implementar uma política de tarifa zero em ônibus que circulem apenas dentro dos bairros ou distritos da cidade. "Muitas pessoas trabalham no próprio bairro, circulam muito por aqui", afirmou ela.

A deputada também voltou a afirmar que pretende descentralizar o controle da Prefeitura, criando políticas de trânsito "no âmbito da própria região". Ela também conversou com membros do movimento de sem-teto Nós da Sul, apoiador da Frente Povo Sem Medo, que se opõe ao governo de Michel Temer.

BAILE DE FAVELA

Erundina estreou um novo vídeo na internet nesta terça. A peça de um minuto é uma paródia do funk "Baile de Favela", do MC João, em que homens e mulheres aparecem com as cabeças de Erundina e Valente dançando hip hop.

O efeito da montagem, com os deputados dançando o funk, é de humor, assim como os memes utilizados ao longo da campanha.

"Veio da mesma linha do Erunbolt, de tentar se conectar com o público mais jovem. Fazer a candidatura ter visibilidade nesse público que não conhece a Erundina porque não viveu o governo dela", diz Pedro Ekman, publicitário da campanha.

"O primeiro turno, vem, já está chegando", diz a letra. "Periferia, direitos humanos, 'fora, Temer', passe livre e educação é com a Erundina", continua o funk. Antes de aparecer no perfil da campanha nas redes sociais, até as 14h, a peça já havia sido vista 11,7 mil vezes.

Durante o evento de campanha no Grajaú, Erundina, 81, e seu vice Ivan Valente, 70, assistiram pela primeira vez à peça de campanha, voltada para um público bem mais jovem do que eles próprios, aos risos. "Vamos ganhar o concurso de dança", brincou a candidata.

Na TV, Erundina vai manter a propaganda atual, com o mote do "voto que vale a pena", para evitar perder para o voto útil no primeiro turno. "A gente vai manter essa discussão de voto útil, que virou o grande assunto da eleição", diz Ekman.