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Mulher de marqueteiro sabia que recursos eram ilícitos, diz juiz

MARIO CESAR CARVALHO E FELIPE BÄCHTOLD SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS) - A Polícia Federal começou a investigar o marqueteiro João Santana ao apreender um bilhete da mulher dele, a jornalista Mônica Moura, com Zwi Skornicki, apontado pela polícia como um repa

Da Redação

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Escrito por Da Redação
Publicado em 22.02.2016, 16:22:38 Editado em 27.04.2020, 19:52:47
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MARIO CESAR CARVALHO E FELIPE BÄCHTOLD
SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS) - A Polícia Federal começou a investigar o marqueteiro João Santana ao apreender um bilhete da mulher dele, a jornalista Mônica Moura, com Zwi Skornicki, apontado pela polícia como um repassador de propinas em contratos com a Petrobras. A apreensão ocorreu em fevereiro de 2015, na nona fase de Lava Jato.
Junto com o bilhete, a jornalista enviava um contrato para justificar os US$ 4,5 milhões que Skornicki pagou a Santana entre setembro de 2013 e novembro de 2014. O marqueteiro recebeu o dinheiro numa conta no Citibank de Nova York, que atuava como correspondente do banco suíço Heritage, no qual o casal teria conta.
O bilhete de Mônica aponta que ela sabia que se tratava de um negócio ilícito, segundo despacho do juiz federal Sergio Moro.
Diz ela numa passagem do bilhete: "Apaguei, por motivos óbvios, o nome da empresa. Não tenho cópia eletrônica, por segurança".
Segundo o juiz, o uso dessas expressões "indicam não só o dolo, mas também a consciência de ilicitude das transações, como o apontamento por Monica de que teria rasurado o nome da empresa contratante no contrato enviado como modelo e de que não guardaria cópia do contrato".
A Polícia Federal, em relatório anexado aos autos, conclui que a cópia do contrato apreendido foi assinada por Mônica. Os policiais compararam a assinatura no documento em nome da Shellbill Finance com a assinatura de Mônica em sua carteira de identidade.
A PF descobriu o nome que Mônica havia rasurado porque o trabalho foi "malfeito", como classifica o juiz. A empresa era a Klienfeld Services Ltd., uma velha conhecida dos investigadores da Lava Jato porque aparecera recebendo US$ 117,3 milhões de três offshores que seriam controladas pela Odebrecht e foram usadas para repasse de propina, de acordo com os investigadores da Lava Jato, o que a empresa nega com veemência.
Foi a Klienfeld quem repassou propina para ex-executivos da Petrobras, como Pedro Barusco, Renato Duque, Nestor Cerveró e Paulo Roberto Costa.
A empresa Shellbill, que recebeu os depósitos de US$ 4,5 milhões, também foi uma novidade para a PF. Outros dois fatos vinculam a empresa ao marqueteiro: a Shellbill fez uma série de pagamentos para a filha e o genro de João Santana e foi usada também para pagar parte de um apartamento que o casal comprou em São Paulo por US$ 4 milhões, dos quais US$ 1 milhão foram pagos no exterior.
Outra empresa offshore que fez um de pagamento US$ 500 mil a João Santana, Innovation Research Engineering and Development Ltd., também já havia aparecido nas apurações da Lava Jato.
A Innovation também recebeu recursos de empresas que são controladas pela Odebrecht e repassou valores de suborno para Paulo Roberto Costa e Barusco.
Segundo Moro, ainda não dá para saber se a Klienfeld e a Innovation são controladas pela Odebrecht ou usadas pela empresa para repassar propina.
O juiz aponta ainda que anotações encontradas no aparelho celular de Marcelo Odebrecht fazem "provável referência" a João Santana. Entre outras anotações, havia frases como "liberar p/Feira pois meu pessoal não fica sabendo", "Feira (5+5)" e "40 para vaca (parte para Feira)". "Vaca", na visão da PF, seria o ex-tesoureiro do PT João Vaccari Neto.
O juiz afirma no despacho que ordenou as buscas e as prisões desta segunda-feira (22) que essas anotações "sugerem" que "os pagamentos da Odebrecht à João Santana seriam doações eleitorais sub-reptícias, realizando a empresa pagamentos nesse sentido a João Vaccari Neto e a João Santana".
Oficialmente, Santana recebeu R$ 171,6 milhões de campanhas do PT entre 2006 e 2014.
A Odebrecht não fez comentários sobre a operação desencadeada nesta segunda (22).

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