DÉBORA ÁLVARES
BRASÍLIA, DF (FOLHAPRESS) - Colecionador de vitórias sobre o governo em votações na Câmara, o presidente da Casa, Eduardo Cunha (RJ), não aceitou falar em derrotas, nesta quarta (17), após a eleição do aliado do Planalto Leonardo Picciani para a liderança do PMDB, por uma diferença de sete votos sobre seu candidato, Hugo Motta (PB).
"Não me sinto derrotado. Se sente derrotado quando quem disputa a eleição somos nós", disse.
"O que se cristalizou nessas últimas horas, é querer criar esse clima de que é uma candidatura de A contra B, quando Hugo Motta é até mais defensor do governo que o próprio Picciani, porque ele votou na Dilma e sempre com o governo aqui. Ele era uma proposta para a bancada ser administrada de outra forma", argumentou Cunha.
O peemedebista foi mais que apoiador da candidatura de Motta, mas um idealizador dela. A ideia de lançar o deputado surgiu quando ainda havia mais um parlamentar na disputa, Leonardo Quintão (MG), que acabou desistindo de concorrer. A ideia de Cunha era encontrar alguém sem conflitos com a maior parte da bancada, com ideias pouco polêmicas, que pudesse juntar muitos votos. Encontrou isso em Motta.
Questionado se considerou o placar de 37 a 30 uma traição, Cunha também negou. Contudo, surpreendeu ao admitir um equívoco de avaliação, o que, pelo histórico do peemedebista, acontece raramente. "O placar obviamente era vitória do Hugo Motta, então consequentemente, eu errei o prognóstico".
Embora também negue que a derrota desta quarta mostra uma fragilidade de sua influência sobre a bancada do PMDB, a avaliação de aliados e adversários é, desde sempre, que o resultado de hoje era fundamental politicamente como demonstração de que o presidente da Casa ainda mantém força suficiente na Câmara para derrotar o governo e resistir no cargo.
"Nunca estive, nem estou isolado na bancada. Grande parte das pessoas que votaram em Picciani, não quer dizer que são contra mim. Se fosse eu o candidato, ai sim poderia dizer que tive menos votos".
Para Cunha, a disputa também não impacta das discussões sobre o pedido de impeachment contra a presidente Dilma Rousseff.
Uma das polêmicas no PMDB girou em torno das indicações que Picciani fez para a comissão especial que deve julgar o impeachment de Dilma na Câmara. Na ocasião, em dezembro, o líder impôs nomes alinhados com o Palácio do Planalto, o que desagradou boa parte da bancada.
A reação veio em seguida, com uma lista que, assinada por mais da metade dos deputados do partido, tirou Picciani por uma semana da liderança. Com o mesmo procedimento de lista, ele retornou ao cargo antes do ano acabar.
"O próprio Picciani já havia dito que se arrependeu da eleição da comissão que havia feito daquele jeito e que faria uma indicação com representação das correntes, com apoio de todos", disse Cunha.
Escrito por Da Redação
Publicado em 17.02.2016, 20:19:52 Editado em 27.04.2020, 19:52:53
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