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Ministro do TCU nega irregularidades e se corrige sobre encontro com Renan

MÁRCIO FALCÃO E RUBENS VALENTE BRASÍLIA, DF (FOLHAPRESS) - O ministro do TCU (Tribunal de Contas da União) Raimundo Carreiro se corrigiu de trecho de um depoimento que havia prestado à Polícia Federal na Operação Lava Jato e reconheceu ter recebido em au

Da Redação

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Escrito por Da Redação
Publicado em 04.02.2016, 18:53:06 Editado em 27.04.2020, 19:53:11
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MÁRCIO FALCÃO E RUBENS VALENTE
BRASÍLIA, DF (FOLHAPRESS) - O ministro do TCU (Tribunal de Contas da União) Raimundo Carreiro se corrigiu de trecho de um depoimento que havia prestado à Polícia Federal na Operação Lava Jato e reconheceu ter recebido em audiência em seu gabinete, uma vez, o senador Renan Calheiros (PMDB-AL), atual presidente do Senado. Carreiro havia dito à PF que nunca recebera o senador.
A audiência no gabinete de Carreiro ocorreu dois dias antes do julgamento de um processo que tratava de fiscalização em obras no Estado de Alagoas. Na errata que encaminhou por escrito à PF, o ministro não explicou detalhes da audiência.
O processo que foi objeto da conversa tratou, segundo Carreiro, de fiscalização sobre supostas irregularidades nas obras de drenagem do Tabuleiro dos Martins, localizado em Maceió, sob responsabilidade da secretaria estadual de infraestrutura de Alagoas e do Ministério do Interior. A área técnica identificou indícios de graves irregularidades na obra e a incluiu na lista dos empreendimentos que tiveram orçamento bloqueado em 2010.
Embora não tenha sido o relator do processo, Carreiro participou da sessão no TCU que acolheu por unanimidade a manifestação da área técnica do tribunal que reconheceu que os responsáveis pela obra haviam corrigido as irregularidades.
Raimundo Carreiro é um dos investigados no inquérito, derivado da Lava Jato, que investiga supostas irregularidades na área de energia elétrica. O inquérito foi aberto a partir de declarações do delator Ricardo Pessoa, da UTC Engenharia, que disse ter pago R$ 1 milhão ao advogado Tiago Cedraz, filho do presidente do TCU, Aroldo. Segundo Pessoa, o advogado lhe disse na época dos pagamentos que o valor se destinava ao ministro Carreiro. Ele era o relator, no TCU, do processo referente à usina nuclear de Angra 3, obra executada pela UTC em consórcio com outras empreiteiras.
Em depoimento prestado à PF em outubro passado, Carreiro afirmou que foi indicado para o cargo de ministro do TCU por indicação pessoal de Renan, após ter sido secretário-geral da Mesa no Senado de 1995 a 2007. "No início de 2007, o então presidente do Senado, Renan Calheiros, levou seu nome aos líderes partidários, que aprovaram sua indicação ao cargo pretendido", disse o ministro à PF. Carreiro afirmou, porém, que nunca teve uma "amizade pessoal" com Renan, mas "sempre com ele teve, assim como ocorreu com os demais presidentes, um relacionamento profissional de secretário-presidente".
Carreiro disse que vive do seu salário como ministro do TCU, que corresponde a 95% do valor do salário de um ministro do STF, e da renda proveniente de alugueis de cinco imóveis: uma sobreloja na Asa Norte, em Brasília, um apartamento no Cruzeiro Novo, duas casas no Guará e outra casa em Taguatinga, todas cidades-satélites de Brasília. Esses alugueis, segundo Carreiro, são administrados por sua esposa e rendem por mês aproximadamente R$ 6,5 mil.
O ministro confirmou ter sido o relator do processo relativo às obras de Angra 3 e contou que ele foi retirado da pauta de votações do tribunal por seis vezes, já que "havia elementos de prejuízo à competitividade referente às obras eletromecânicas e civis".
Carreiro disse que três advogados o procuraram sobre o processo, mas nenhum era Tiago Cedraz. Ele reconheceu ter estado duas vezes com o filho do presidente do TCU, ambas a convite de Aroldo, uma no casamento do próprio Tiago e outra no casamento da irmã do advogado.
Carreiro afirmou que Tiago "nunca foi a seu gabinete, nunca lhe pediu uma audiência, nunca ligou para o declarante [Carreiro] e nem este ligou para Tiago". Disse ainda que o advogado nunca esteve com o assessor no TCU responsável pela elaboração do voto do ministro. Carreiro igualmente negou ter recebido "qualquer pedido, quantia ou promessa de pagamento de Tiago ou de terceiro no sentido de direcionar o julgamento no interesse de qualquer empresa".
No depoimento, Carreiro disse que, embora constasse o nome de Renan na agenda que ele próprio entregou à PF, o senador "nunca foi a seu gabinete". Depois, se corrigiu.
Em ofício enviado à PF em 11 de novembro, o ministro esclareceu "que o lapso na primeira informação, ora retificada, deveu-se ao longo tempo entre o fato narrado e a data do depoimento em questão, associado à circunstância de que a referida vista não teve nenhuma relação com a matéria" tratada no recurso que estava sob investigação da Lava Jato. Carreiro disse ainda que a rotina do cargo de ministro do TCU é "naturalmente marcada por um grande número de audiências em seu gabinete com membros do Congresso Nacional, ministros de Estado e outros agentes políticos e administrativos".
Tiago Cedraz, 34, também foi intimado a prestar depoimento na PF. Ele disse ao delegado Felipe Alcântara de Barros Leal na ocasião que não invocava seu direito de permanecer em silêncio, porém argumentou "sua ampla defesa no sentido de ter acesso completo aos autos e ao resultado das análises antes do questionamento realizado pela autoridade policial". A posição de Cedraz levou a um impasse e o delegado da PF decidiu pelo adiamento do depoimento.
Em manifestações públicas anteriores, Cedraz negou quaisquer irregularidades na conduta profissional e negou ter feito pagamentos a Carreiro.

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