JULIANA COISSI
CURITIBA, PR (FOLHAPRESS) - O ex-gerente da Petrobras Pedro Barusco, delator na Operação Lava Jato, confirmou em depoimento nesta quarta-feira (20), em Curitiba, que participou de reuniões com o ex-ministro da Casa Civil José Dirceu, também detido, para falar sobre negócios da estatal. Mas afirmou que não tratou de propina com o petista.
Questionado sobre o ex-tesoureiro do partido José Vaccari Neto, o ex-gerente disse que negociou com ele valores das propinas. Barusco voltou a afirmar que estava envolvido com o esquema de propina na Petrobras desde 1997, no governo Fernando Henrique Cardoso (1995-2002).
"Ele esclareceu que esteve com José Dirceu em reuniões na casa do [lobista Milton] Pascowitch para tratar de assuntos da Petrobras, mas que nunca tratou de dinheiro, nem deu nem pediu dinheiro para o Zé Dirceu", disse o advogado de Barusco, Antonio Figueiredo Basto.
Para Basto, no depoimento não há argumento que possa vincular Dirceu ao processo. "Pode-se até inferir que não é adequado um deputado federal, um ministro de Estado estar participando de uma reunião dessa, mas aí falar que teve corrupção é um caminho bem diferenciado", afirmou.
Barusco devolveu US$ 97 milhões desviados irregularmente para contas suas no exterior, uma das exigências estabelecidas para o acordo de delação premiada.
Em sua delação, Barusco estimou que o PT tenha recebido entre US$ 150 milhões e US$ 200 milhões entre 2003 e 2013, em forma de propina. Os recursos teriam sido retirados dos 90 maiores contratos da Petrobras, entre eles o da refinaria Abreu e Lima, em Pernambuco.
Segundo Barusco, o tesoureiro Vaccari participou pessoalmente do acerto de propinas relativo a contratos de navios equipados com sondas.
DEPOIMENTOS
De volta das férias nesta semana, o juiz federal Sergio Moro, que conduz os processos da Lava Jato em Curitiba, tomou nesta quarta depoimento de três dos delatores da Lava Jato.
Além de Barusco, estão sendo ouvidos nesta tarde os irmãos Milton e José Adolfo Pascowitch. Os dois recebiam e repassavam recursos desviados de diversos contratos da Petrobras.
Os depoimentos são acompanhados por advogados de Dirceu, da Petrobras e dos três delatores.
A delação e os documentos que foram apresentados pelos irmãos Pascowitch serviram de base para a prisão do ex-ministro José Dirceu. Milton, que representava a Engevix junto a Dirceu e ao PT, afirmou em sua delação que bancou reformas de uma casa e de um apartamento de Dirceu, entre outras ações, e que entregou R$ 10 milhões em dinheiro vivo ao PT em 2010.
Escrito por Da Redação
Publicado em 20.01.2016, 18:26:42 Editado em 27.04.2020, 19:53:32
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