Duque é denunciado pela sexta vez, por esconder depósitos no exterior

GRACILIANO ROCHA
SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS) - Os procuradores da força-tarefa da Operação Lava Jato apresentaram uma nova denúncia (acusação formal) contra o ex-diretor de serviços da Petrobras Renato Duque por crimes de evasão de divisas e manutenção de valores não declarados à Receita Federal no interior.
Se for acolhida pelo juiz Sergio Moro, da Justiça Federal do Paraná, a denúncia pode se transformar na oitava ação penal contra o ex-diretor da estatal. Indicado para o cargo pelo PT, ele foi condenado em um dos processos a 20 anos e 8 meses de prisão por corrupção e lavagem de dinheiro em setembro de 2015.
A nova denúncia se baseia em documentos enviados pelo Ministério Público de Mônaco sobre contas controladas por Duque no principado. De acordo com estes papéis, Duque esvaziou contas que mantinha na Suíça após a deflagração da Operação Lava Jato, entre maio e setembro de 2014. No período, ele transferiu US$ 3,8 milhões para novas contas em Mônaco.
De acordo com a denúncia, as transferências visavam "ocultar o dinheiro da apreensão do Estado brasileiro, tendo em conta que, na época, as autoridades suíças efetuaram bloqueio de valores em nome do também ex-diretor Paulo Roberto Costa".
A descoberta destas transferências motivou a prisão de Duque em março do ano passado. Para os investigadores, a origem do dinheiro era propina resultante de contratos de empreiteiras com a estatal.
A Procuradoria afirma que Duque movimentou 20,5 milhões de euros (cerca de R$ 90 milhões, pelo câmbio desta segunda) em contas em nome das empresas offshore Milzart Overseas e Pamore Assets, entre 2009 e 2014.
A lei brasileira exige a declaração formal de depósitos superiores a 100 mil dólares (R$ 404 mil) no exterior.
Na denúncia, a Procuradoria também pede à Justiça que Duque seja condenado a devolver R$ 80 milhões aos cofres públicos.
A reportagem não conseguiu ouvir a defesa de Renato Duque até as 20h desta segunda (18).