GUSTAVO URIBE, DÉBORA ÁLVARES E MÁRCIO FALCÃO
BRASÍLIA, DF (FOLHAPRESS) - O presidente da Câmara, Eduardo Cunha (PMDB-RJ), fez questão de elaborar pessoalmente os argumentos que vão embasar a peça de sua defesa para o pedido feito ao STF (Supremo Tribunal Federal) pelo procurador-geral da República, Rodrigo Janot, de afastamento do peemedebista do cargo de deputado federal e, por consequência, do comando da Casa.
Cunha tem classificado o pedido de Janot, no qual ele acusa o peemedebista de utilizar "o cargo em interesse próprio e ilícito unicamente para evitar que as investigações contra ele continuem e cheguem ao esclarecimento de suas condutas", como "peça de ficção" e, segundo aliados, manteve esse termo no documento.
Para redigir o texto, no qual responde os 11 itens que o procurador-geral apontou ao STF como justificativas para seu afastamento, Cunha se reuniu com pessoas de sua confiança desde dezembro.
O documento foi enviado a seu advogado, o ex-procurador-geral da República Antonio Fernando Souza, que deve usar as argumentações do cliente na peça final da defesa a ser apresentada ao ministro relator do caso, Teori Zavascki.
Antes do início do recesso do Judiciário, Teori abriu prazo de dez dias para Cunha prestar informações sobre o pedido da PGR. O peemedebista não chegou a ser notificado, mas isso pode acontecer ainda em janeiro, após o retorno dos servidores às atividades, a partir do dia 7. Apesar disso, ainda que Cunha seja notificado, os prazos continuam suspensos até o fim do recesso dos ministros.
Com a ameaça de ser afastado do cargo, Cunha protocolou no STF, antes mesmo do pedido de Janot, um documento no qual rebate as acusações de uso do cargo em benefício próprio e para atrapalhar o processo de cassação de seu mandato no Conselho de Ética da Câmara.
O presidente da Casa disse ao ministro Teori estar apenas exigindo respeito ao devido processo legal e afirmou que as reclamações sobre manobras se devem a "divergências exclusivamente políticas".
Cunha é alvo de uma denúncia no Supremo relativa à Operação Lava Jato, sob acusação de ter recebido propina por contratos de navios-sonda da Petrobras. Responde também a um inquérito por ter mantido quatro contas bancárias no exterior, sendo que uma delas recebeu pagamento de um lobista que atuava na estatal petroleira.
Escrito por Da Redação
Publicado em 05.01.2016, 19:05:02 Editado em 27.04.2020, 19:53:52
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