MANOEL CARDOSO E MOISES SARRAF
SANTARÉM, PA, E BELÉM, PA (FOLHAPRESS) - Um barco com cerca de 70 pessoas a bordo naufragou no rio Xingu, no Pará, na noite desta terça-feira (22). Segundo o Corpo de Bombeiros, 25 sobreviventes e outros sete corpos já foram resgatados. Os demais ocupantes da embarcação continuavam desaparecidos até a atualização desta publicação.
O barco-motor "Comandante Ribeiro" saiu do porto improvisado da Praça Tiradentes, em Santarém, na noite da última segunda (21), e teria como destino a cidade de Vitória do Xingu (PA).
O naufrágio ocorreu em Vila do Maruá, numa região conhecida como Ponta Grande, localizada na cidade de Porto de Moz, quando a embarcação já havia percorrido 350 quilômetros pelas águas do rio Xingu. Foi em Porto de Moz que o barco, segundo as autoridades, recebeu de uma vez 40 novos passageiros por volta das 18h desta terça.
Após o barco deixar a cidade, uma tempestade se formou na região. Ela é tratada como a principal causa do naufrágio.
A embarcação fazia o transporte clandestino de passageiros, segundo a Arcon (Agência Estadual de Regulação e Controle de Serviços Públicos), autarquia do governo do Pará responsável por regular o transporte intermunicipal.
Os sete corpos localizados na manhã desta quarta (23) são de cinco adultos, um adolescente de 15 anos e um bebê -todos foram levados para Porto de Moz. A assessoria do Corpo de Bombeiros confirmou que a embarcação estava com 70 passageiros aproximadamente, mas não informou o número exato.
O Corpo de Bombeiros montou uma operação com o auxílio de mergulhadores para localizar as vítimas. A Capitania dos Portos do Amapá enviou uma lancha ao local do acidente para realizar buscas e coletar informações. A Marinha também informou que deslocou o navio-patrulha "Bocaina" para reforçar as operações de resgate.
Dois inquéritos um administrativo e outro criminal serão instaurados pela Marinha e pela Polícia Civil para apurar causas, circunstâncias e responsabilidades do acidente.
OUTRO NAUFRÁGIO
O acidente registrado nesta terça ocorre 20 dias depois de outro naufrágio no Pará, desta vez no rio Amazonas, com nove desaparecidos. O episódio vinha sendo considerado até então o maior acidente em número de desaparecidos ou mortos desde 1981.
O naufrágio aconteceu no dia 2 de agosto, após uma colisão de um navio cargueiro contra um comboio de nove balsas entre as cidades de Óbidos e Oriximiná, no oeste do Estado. Os corpos das vítimas ainda não foram resgatados do rio.
Um grupo de familiares das vítimas chegou a protestar em frente à sede do Ministério Público Federal em Santarém (a 700 quilômetros de Belém), onde o caso está sendo investigado. Eles denunciaram o descaso em relação às operações de busca aos corpos.
Os familiares acreditam que os corpos dos desaparecidos estejam no empurrador das balsas, que naufragou no acidente. O veículo foi encontrado por um radar a 63 metros de profundidade dentro do rio, em um ponto a 15 quilômetros de onde ocorreu o caso.
Segundo o Corpo dos Bombeiros, o local tem correnteza forte e pouca visibilidade, o que dificulta o trabalho dos mergulhadores.
A Bertolini (dona das balsas) disse que já contratou um serviço para fazer o resgate da embarcação. A Mercosul (proprietária do cargueiro) informou que o navio envolvido no acidente já voltou a navegar e que sua "preocupação imediata continua sendo com os tripulantes desaparecidos".
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