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País está resignado, diz violinista símbolo de protestos Venezuela

SYLVIA COLOMBO BUENOS AIRES, ARGENTINA (FOLHAPRESS) - Um dos símbolos da resistência contra a ditadura de Nicolás Maduro, o violinista Wuilly Arteaga, 23, ficou preso por 19 dias. "Quando saí, vi outra Venezuela, triste e resignada", conta em entrevista,

Da Redação

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Escrito por Da Redação
Publicado em 23.08.2017, 04:15:05 Editado em 24.08.2017, 07:40:12
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SYLVIA COLOMBO

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BUENOS AIRES, ARGENTINA (FOLHAPRESS) - Um dos símbolos da resistência contra a ditadura de Nicolás Maduro, o violinista Wuilly Arteaga, 23, ficou preso por 19 dias. "Quando saí, vi outra Venezuela, triste e resignada", conta em entrevista, por telefone.

Arteaga ficou conhecido por participar das marchas em Caracas com seu instrumento, tocando o hino da Venezuela em meio a bombas de gás lacrimogêneo e enfrentamentos, sempre envolto numa bandeira do país.

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"Tínhamos a sensação de que nosso movimento era poderoso, eu via a união de um povo nas ruas, e sentia que seríamos capazes de parar a Constituinte", diz, referindo-se à eleição do último dia 30, que escolheu uma nova Assembleia 100% governista e que agora desaloja o Parlamento, de maioria opositora.

Três dias antes da votação, porém, Arteaga foi preso pela Guarda Nacional Bolivariana (GNB) durante um protesto. "Já no transporte para o centro de detenção bateram em mim, usaram o meu violino para me golpear na cabeça, arrancaram suas cordas", conta. Preso, teve parte de seu cabelo queimado.

Apesar de se dizer aliviado por ter sido libertado, conta que está angustiado pelos colegas do grupo juvenil La Resistencia que seguem presos.

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"É muita gente que eles têm detrás das grades apenas por protestar. E são garotos. São os verdadeiros heróis dessa batalha, os que estão presos e os que já morreram. Se ficarmos parados agora, vamos sinalizar que a luta deles foi em vão. É por isso que temos de voltar para a rua."

Arteaga passou os últimos dias descansando e se recuperando dos ferimentos. Está em liberdade condicional e, a cada oito dias, tem de se reportar à GNB. Afirma, porém, que os golpes que recebeu na prisão doem menos do que "ver o país aceitando as ações do governo".

"Fiquei menos de 20 dias preso, mas quando saí vi uma outra Venezuela. Um país que, por conta da brutalidade da repressão e da decepção com o resultado da votação, resignou-se a aceitar a Constituinte, e que agora aceita também participar de outra eleição fraudulenta, a de governadores (que deve ocorrer ainda neste ano)."

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O violinista crê que as ruas se esvaziaram pelo medo da ação violenta das forças do Estado, que causou mais de 120 mortes nos últimos meses, e por puro desânimo. "Além disso, a miséria agora atinge a mais gente. As pessoas estão com fome, há crianças dormindo nas ruas. A sobrevivência começou a falar mais alto, e o protesto ficou em segundo plano."

Para Arteaga, além de Maduro, é preciso responsabilizar a oposição venezuelana, por ter aceitado participar do próximo pleito. "Os líderes da oposição deveriam ter ido às ruas assim que saiu o resultado e rejeitar essa Constituinte em voz alta e desde o primeiro minuto. Não deveriam ter abandonado as ruas. Em vez disso, a oposição decidiu participar de uma eleição que vai ser manipulada e fraudulenta. Ou seja, está fazendo acordos quando já passamos da fase de fazer acordos. Já vivemos numa ditadura."

Arteaga formou-se no El Sistema, órgão de financiamento público que promove a educação musical e é tido como modelo internacional.

O rapaz passou os últimos dias em casa, descansando e compondo. Está impedido de participar de atos políticos, sob o risco de ser preso novamente. Mas disse que não irá respeitar. "O que é um ato político? Vou pegar meu violino e sair pela rua tocando o hino nacional. Sou um artista, e esse é meu modo de contribuir, porque sei que isso reanimará os venezuelanos. É preciso dar coragem aos que estão indignados, mas se sentem amarrados por seus empregos, por sua dependência do governo ou por puro medo. Minha música pode estimular para que retornemos às ruas. Para me parar, vão ter de me matar."

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