SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS) - A comissão eleitoral do Quênia declarou nesta sexta (11) que o atual presidente do país, Uhuru Kenyatta, foi reeleito para um novo mandato de cinco anos, em meio a acusações da oposição de que a votação foi fraudada após o banco de dados da comissão eleitoral ter sido alvo de hackers -o governo nega.
Kenyatta obteve 54,27% dos votos contra 44,74% de Raila Odinga, anunciou o chefe da comissão eleitoral.
Aos 55 anos, o presidente reeleito é filho de Jomo Kenyatta, que lutou pela independência do país, em 1963, e foi o primeiro presidente queniano, entre 1964 e 1978.
Violentas manifestações se seguiram ao anúncio em redutos do líder opositor.
Correspondentes da AFP reportaram saques a lojas e distúrbios na comunidade de Kibera, na capital, Nairóbi, enquanto em Kisumu, no oeste do país, policiais efetuaram disparos para dispersar os manifestantes.
Após o anúncio de sua vitória, Kenyatta subiu ao palanque do centro nacional de apuração para agradecer à nação "a confiança depositada em mim". Ele prometeu "continuar com o trabalho que começamos e voltar a nos dedicar a servir a esta grande nação e ao nosso povo".
Kenyatta também dirigiu-se a Odinga e a seus partidários, e propôs a eles "trabalhar juntos [...] para que possamos construir esta nação juntos".
"Não somos inimigos. Todos somos cidadãos de uma república. Como em qualquer competição, sempre haverá vencedores e sempre perdedores, mas todos pertencemos à grande nação do Quênia", afirmou Kenyatta.
"Deixem-nos ser pacíficos [...] Não há necessidade nenhuma de violência. Seu vizinho é seu vizinho, sem importar sua etnia, sua religião ou sua cor", acrescentou.
HACKERS
Odinga afirma que hackers usaram a identidade de Christopher Msando, um funcionário da comissão eleitoral encarregado dos sistemas de tecnologia, para acessar o banco de dados. No dia 31 de julho, durante a campanha presidencial, o governo anunciou que Msando foi morto após ser vítima de tortura.
Um alto funcionário da coalizão opositora, James Orengo, denunciou que a apuração foi uma "palhaçada completa, um desastre".
A vitória de Kenyatta traz o temor de uma nova onda de violência pós-eleitoral no Quênia, uma das dez maiores economias da África.
Após a eleição de 2007, enfrentamentos terminaram com um balanço de 1.100 mortos. O modo como os 150 mil membros das forças de segurança se comportarão é considerado crucial para evitar novos distúrbios.
A Anistia Internacional e Odinga pediram que as autoridades evitem o uso desproporcional da força. Kenyatta foi acusado de ter provocado os distúrbios pós-eleitorais de 2007 e processado por crimes de lesa-humanidade pelo Tribunal Penal Internacional.
As acusações contra o presidente, no entanto, foram arquivadas em 2014.
Um ano antes, Kenyatta foi reeleito, também em uma vitória sobre Odinga, que contestou o resultado à época. A Suprema Corte queniana, porém, rejeitou a queixa.
A votação deste ano foi considerada o confronto final entre dois adversários cujos pais foram aliados na luta pela independência, mas que se tornaram rivais, levando a décadas de rancor político.
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