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Ativistas do parque Augusta são meia dúzia paga pelo papai, diz empresário

ARTUR RODRIGUES SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS) - Antonio Setin, 62, proprietário da construtora que leva o seu sobrenome, é uma das partes envolvidas no longo e desgastante imbróglio do terreno que deve se transformar no parque Augusta, na região central de S

Da Redação

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Escrito por Da Redação
Publicado em 11.08.2017, 04:00:09 Editado em 11.08.2017, 04:00:09
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ARTUR RODRIGUES

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SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS) - Antonio Setin, 62, proprietário da construtora que leva o seu sobrenome, é uma das partes envolvidas no longo e desgastante imbróglio do terreno que deve se transformar no parque Augusta, na região central de São Paulo.

A Setin e a Cyrela são as donas da disputada área já foi alvo de invasão de ativistas e ações do Ministério Público. O prefeito João Doria (PSDB) negocia uma troca: as empresas cedem o terreno e recebem uma área pública em uma região valorizada em frente à marginal Pinheiros, na zona oeste. As bases do acordo e de contrapartidas das empreiteiras estão sob a análise da Promotoria e da Justiça.

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Recluso até aqui em meio a esse processo, Setin falou à Folha. Chamou ativistas de "meia dúzia de meninos sustentados pelo papai" e acusou Doria de impor a ele contrapartidas "exageradas".

Pergunta - Na matrícula do terreno do parque Augusta, consta que o valor de compra pela Setin e a Cyrela foi de R$ 64 milhões [R$ 83 milhões em valores atualizados] em 2013. Como se deu essa compra?

Antonio Setin - A compra tem 12 anos. Existe uma compra paga parcialmente em dinheiro, e a maior parte será paga assim que lançarmos o empreendimento [agora na zona oeste], entregaremos em [permutas de] apartamentos.

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Qual foi o percentual pago em dinheiro?

Eu não tenho autorização dos vendedores para dizer porque isso impacta na vida deles. Mas eu posso garantir que [a compra custou] bem mais de R$ 100 milhões.

O valor na matrícula não equivale ao gasto de fato?

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Existem várias maneiras de adquirir um terreno. Quando se faz uma aquisição em permuta, a escritura não reflete o valor total de imediato, porque a contabilidade vai ser finalizada com a entrega das unidades prontas ao permutante. O valor de referência, que é o mecanismo que a prefeitura usa para indenizações em caso de desapropriação ou cálculo de cobrança de ITBI, está em cerca de R$ 140 milhões [no site da prefeitura, constam R$ 122 milhões].

Se a prefeitura minimamente nos pagasse aquilo que judicialmente estaria obrigada a depositar, já seriam mais de R$ 140 milhões. Aí teríamos de cobrar a diferença para o valor de mercado.

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As proprietárias já têm um valor oficial de quanto vale o terreno do pq. Augusta hoje?

Nossa avaliação ainda não saiu, peritos estão trabalhando, porque não é uma conta simples, é muito complexa.

Sobre o terreno, o senhor disse anteriormente que não entraria num negócio desvantajoso.

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O objetivo das empresas é ter lucro, pagar os impostos e sustentar a máquina pública. Nós temos acionistas e não podemos dizer que somos bonzinhos com o dinheiro deles. A empresa precisa ter a margem de lucro dela, o município precisa ter a conta correta e transparente, porque é cobrado pela sociedade, e o Ministério Público é um órgão fiscalizador que está olhando tudo isso e está dizendo concordo ou não concordo.

Apesar da valorização imobiliária [estimativa da prefeitura aponta R$ 40 milhões acima da inflação desde 2013], a empresa ainda avalia ter tido algum prejuízo com a troca?

Não tivemos algum [prejuízo], nós tivemos muito prejuízo. Para você ter uma ideia, hoje o IPTU é R$ 1,5 milhão por ano. Com segurança nós gastamos R$ 600 mil por ano. Se você multiplicar por 12 [daria R$ 25 milhões] já tem uma noção dos prejuízos que as empresas tiveram. Diferentemente do que as pessoas pensam, os imóveis nos últimos quatro anos caíram muito de preço. Hipoteticamente, se tivéssemos vendido nosso terreno há três, quatro anos, teríamos vendido por mais do que hoje.

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O senhor acha que se caminha para resolver a questão?

Caso peritos de lado a lado cheguem a conclusões diferentes ou a Câmara Municipal não aprove, o negócio pode voltar atrás. A minha percepção é que já estamos em 99% da conclusão. Porque o Ministério Público já deu a sua concordância, a Célia Marcondes [da Samorcc, associação de bairro de Cerqueira César] assinou, o prefeito assinou.

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Como o senhor avalia as contrapartidas propostas pela prefeitura para essa troca?

O que eu vou dizer não é ofensa ao prefeito. Até porque eu o respeito muito. Mas as contrapartidas não são proporcionais, são exageradas. O prefeito veio a cada reunião colocando mais um item na mesa. Eu afirmei a ele e ao Ministério Público que, se houvesse qualquer outro pedido, nós não teríamos como progredir na negociação. Então é uma contrapartida extremamente pesada, mas ainda acreditamos ser suportável.

O senhor já tem ideia do valor do terreno que vai receber?

Se ele vier com potencial 4 de construção como foi discutido pela prefeitura, imagino que ele valha aí entre R$ 130 milhões e R$ 150 milhões.

Quando iniciamos a negociação fizemos contas, senão a gente não teria progredido. De lá para cá, a única variável foi que a cada reunião o prefeito acrescentava um item na contrapartida. Isso acabou prejudicando a nossa conta. Mas a gente entende que, se não facilitarmos a negociação, a gente continua brigando e não vai chegar a lugar algum.

Em relação ao parque Augusta, o Ministério Público tem uma ação contra as construtoras que inclui cobrança de valores que poderiam transformar o negócio até em um prejuízo. Isso não o pressiona a resolver logo isso?

São ações que nós entendemos como muito tranquilas, são demoradas, mas são tranquilas. Todo o nosso acordo envolve todas as ações que o Ministério Público tem contra nós. Nós estamos dando [a construção do] parque e a manutenção do parque por dois anos, com a condição de que se encerram todas as ações, homologadas em juízo.

Há uma pressão de ativistas em relação ao caso. O senhor acredita que, com a criação do parque, ela acabaria?

Ativista, como todo ser humano, tem de todo tipo. Os verdadeiros ativistas, a verdadeira associação, inclusive a Samorcc, conduzida pela dona Celia, que foi minha grande opositora nesses 12 anos, está pacificada. Há alguns ativistas ligados a partidos que não têm representatividade, órfãos da Dilma e que ficam gritando para chamar a atenção e dar entrevista. Não passam de meia dúzia de meninos sustentados pelo papai e pela mamãe que ficam lá gritando, com falta de respeito. Não me preocupa, porque é uma minoria barulhenta que não produz, não agrega nada

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