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Nada vai matar o samba, afirma Nelson Sargento na Casa Folha, na Flip

AMANDA RIBEIRO MARQUES, ENVIADA ESPECIAL PARATY, RJ (FOLHAPRESS) - O samba pode até agonizar com a criação de novos ritmos e a apropriação cultural, mas nunca vai morrer, afirmou o sambista e presidente honorário da Mangueira, Nelson Sargento, na mesa Nã

Da Redação

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Escrito por Da Redação
Publicado em 27.07.2017, 20:30:10 Editado em 27.07.2017, 20:30:10
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AMANDA RIBEIRO MARQUES, ENVIADA ESPECIAL

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PARATY, RJ (FOLHAPRESS) - O samba pode até agonizar com a criação de novos ritmos e a apropriação cultural, mas nunca vai morrer, afirmou o sambista e presidente honorário da Mangueira, Nelson Sargento, na mesa Não Deixa o Samba Morrer, da Casa Folha, nesta sexta (27).

A declaração foi uma resposta à provocação do jornalista André Barcinski, mediador da mesa, que citou um trecho da música "Agoniza, mas Não Morre" de Nelson. "Samba/ Agoniza mas não morre/ Alguém sempre te socorre/ Antes do suspiro derradeiro."

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Durante o debate, Sargento e o jornalista Lira Neto -que lançou neste ano o livro "Uma História do Samba: As Origens", primeira parte de uma trilogia sobre o gênero- reconstruíram o início do samba, que nasceu nas periferias pelas mãos dos negros e pobres.

Em razão da discriminação e do racismo sofridos por grande parte dos sambistas durante as origens do gênero, Lira Neto conta que recorreu a registros policiais para reconstituir o caminho do samba no Brasil.

"Quantos Noéis, quantos Cartolas, quantos grandes sambistas não foram discriminados, presos e morreram na cadeia, impedidos de serem imortalizados e cantados até hoje?", perguntou o jornalista.

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Ao falar sobre discriminação, Lira Neto citou um projeto de lei recente, de autoria do empresário paulista Marcelo Alonso, que prevê a criminalização do funk. "Isso é um absurdo, não tem sentido uma coisa dessas". À reclamação se seguiu um grito de "Fora, Temer" vindo do meio do público, que lotou o espaço da Casa Folha. Lira Neto riu e fez coro ao protesto. "Fora, Temer." A plateia aplaudiu.

O jornalista também criticou a situação política do país, em especial o caso de um prédio que foi demolido ainda com os moradores dentro durante uma operação na cracolândia em maio deste ano.

"Temos um prefeito em São Paulo adotando uma política higienista que nós pensamos que tivesse acabado no século XX com [o então prefeito do Rio de Janeiro] Pereira Passos". A plateia aplaudiu outra vez.

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De acordo com o jornalista, a popularização do rádio e a criação da indústria do entretenimento foram decisivas para que o samba fosse menos discriminado e se firmasse como um gênero válido na cena musical do país.

Em outro momento do debate, os participantes apontaram uma imprecisão histórica que se repete na literatura sobre samba. Ao contrário do que é dito na maior parte dos livros, o primeiro samba brasileiro não é "Pelo Telefone" (1917), de Donga.

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"Em meu livro, eu cito pelo menos vinte sambas que vieram antes de 'Pelo Telefone'. Esses sambas foram lançados entre 1902 e 1917, quando tem início a gravação de músicas no Brasil", disse Lira Neto.

Quando perguntado sobre a situação atual da disputa entre as escolas de samba, que envolve grande investimento financeiro, Sargento desconversou dizendo que não competia porque já tinha produzido seu hino, "Cântico à Natureza", e ganhado prêmios "porque merecia, não porque tinha colocado dinheiro".

Nos últimos dez minutos da mesa, músicos substituíram Lira Neto e André Barcinski no palco, celulares se ergueram acima das cabeças e Nelson Sargento cantou "A Voz do Morro", "Falso Amor Sincero", "Agoniza mas Não Morre" e "Eu Agora sou Feliz".

Na última música, a maior parte largou o celular no banco, levantou e ensaiou alguns passos de samba. Quando percebeu que o bis não vingaria, o público transformou os pedidos em um "Parabéns a Você". Nelson completou 93 anos há dois dias.

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