SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS) - O cardeal George Pell, tesoureiro do Vaticano e considerado o número 3 na hierarquia católica, compareceu nesta quarta-feira (26) a um tribunal em Melbourne, na Austrália, em sua primeira audiência para responder a acusações de crimes sexuais.
Pell, 76, atravessou uma multidão de manifestantes e jornalistas para entrar na corte e permaneceu em silêncio durante os poucos minutos de audiência. Seu advogado, Robert Richter, afirmou que ele vai se declarar inocente no processo.
Ao convocá-lo para a audiência, as autoridades australianas não detalharam o conteúdo da acusação, mas disseram se tratar de "crimes sexuais históricos". A polícia australiana diz ter evidências de que ele cometeu abusos e acobertou casos de outros sacerdotes durante o período em que foi arcebispo de Melbourne e de Sydney.
Em junho, Pell afirmou que estava ansioso para comparecer ao tribunal e "comprovar sua inocência". Ele tirou licença de seu cargo no Vaticano para fazer sua defesa.
As acusações contra Pell representaram um golpe contra a política do papa Francisco de "tolerância zero" com abusos sexuais praticados por membros da Igreja.
No entanto, o pontífice preferiu evitar fazer algum julgamento da situação de seu tesoureiro. Disse apenas que vai esperar a Justiça australiana se manifestar em caráter definitivo.
Apesar de ter concedido licença a Pell, Francisco não deu sinais, ao menos por enquanto, de que vai substituí-lo da função.
Em 2016, o cardeal reconheceu que a Igreja cometeu "enormes erros" ao permitir que crianças fossem estupradas por padres.
A próxima audiência do caso foi marcada para o dia 6 de outubro.
Deixe seu comentário sobre: "ATUALIZADA - Acusado de crime sexual, 'número 3' do Vaticano vai a corte na Austrália"