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Nolan demonstra que o cinema ainda tem poderes de expandir nossa percepção

SÓ PODE SER REPRODUZIDA NA ÍNTEGRA E COM ASSINATURA CÁSSIO STARLING CARLOS SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS) - Um filme de guerra em que quase não há sangue. Tampouco vísceras expostas, braços e pernas despedaçados ou o clássico último suspiro do soldado nos bra

Da Redação

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Escrito por Da Redação
Publicado em 25.07.2017, 07:20:03 Editado em 26.07.2017, 17:13:46
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SÓ PODE SER REPRODUZIDA NA ÍNTEGRA E COM ASSINATURA

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CÁSSIO STARLING CARLOS

SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS) - Um filme de guerra em que quase não há sangue. Tampouco vísceras expostas, braços e pernas despedaçados ou o clássico último suspiro do soldado nos braços de um colega de inferno. Christopher Nolan depurou esses ingredientes tradicionais do gênero para alcançar a meta de ter o mundo a seus pés.

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O diretor britânico vem, há quase duas décadas, conquistando uma legião. Uma parcela menor e menos entusiasmada manteve-se reticente, detectando ali mais malabarismos do que revolução.

Fãs e críticos, porém, concordam num ponto: os filmes de Nolan têm uma ambição cinematográfica, o que é estimulante num momento em que muitos só enxergam o futuro na tela da TV.

"Dunkirk" reitera o prazer do cineasta em testar sua originalidade confrontando-se com os códigos estabelecidos do cinema de gênero. Depois de inverter o policial, bagunçar o heroísmo de um ícone das HQs e rejuntar física e metafísica na ficção científica, Nolan aborda um gênero pouco maleável e que acumulou um histórico de grandezas —graças a Renoir, Hawks e Kubrick, para abreviar um longuíssimo "name-dropping".

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Em busca de um encaixe nesse panteão, Nolan propõe outros pontos de vista. Sua guerra deixa de ser uma situação-limite na qual a moral aparece exposta e estraçalhada como os corpos. "Dunkirk" também não contrapõe o discurso antibelicista ao voyeurismo sádico. Nem insiste na mitologia do heroísmo militar, preferindo conduzir nossa empatia na direção do homem desarmado.

Essa ideia de perspectiva é essencial ao filme, que não a associa a um protagonista, mas a alterna conforme o ângulo da ação: no centro, acompanhando um jovem soldado, do alto, com um piloto audaz, e à distância, junto ao pai que ruma com os filhos num pequeno barco. Não só um filme de guerra, mas muitos. À oscilação espacial corresponde a variação temporal, com pedaços narrativos que dão ao espectador o prazer de montar um quebra-cabeças. Essas soluções se completam com uma construção sônica e musical que desorienta sensorialmente e potencializa a proposta de imersão.

Os nostálgicos vão se perguntar onde estará o cinema em meio a tanta saturação. Resposta: no espetáculo. Nolan junta o século 19 no 21 demonstrando que o cinema —ainda— tem poderes para expandir nossa percepção.

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Não só alegoria pró ou anti-"brexit", "Dunkirk" é também uma máquina de guerra contra a qual nem Netflix nem PlayStation têm —ainda— arsenal para derrotar.

DUNKIRK

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Direção: Christopher Nolan

Elenco: Fionn Whitehead, Damien Bonnard, Aneurin Barnard

Produção: EUA, 2017, 14 anos

Quando: estreia nesta quinta (27)

Avaliação: ótimo

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