SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS) - Os pais do bebê britânico Charlie Gard encerraram nesta segunda-feira (24) a batalha judicial pelo tratamento experimental à criança, que tem uma doença terminal, e já discutem sobre como as máquinas que o mantêm vivo serão desligadas.
O menino, de 11 meses, tem uma condição genética rara provocada pelo esgotamento do DNA mitocondrial, que leva a um dano cerebral que o torna incapaz de mover braços e pernas, de comer e de respirar por conta própria.
Desde fevereiro os pais tentavam na Justiça do Reino Unido conseguir que o filho fosse transferido aos EUA para ser submetido a uma terapia pesquisada por um neurologista americano.
Os tribunais, que recusaram o pedido, alegam que isso apenas prolongaria o sofrimento do menino. No início de julho, uma corte de Londres decidiu que fossem desligados os aparelhos que mantêm a criança viva.
O caso ficou conhecido no mundo todo e os pais receberam o apoio do presidente dos EUA, Donald Trump, e do papa Francisco, e receberam 1,3 milhão de libras (R$ 5,31 milhões) em doações. Durante a disputa judicial, porém, Charlie foi piorando e agora não tem condições de sair do hospital onde está internado.
A mãe do bebê, Connie Yates, disse que seu filho poderia ter uma chance de se recuperar se a tramitação do processo não tivesse demorado tanto. "Essa é a coisa mais difícil que teremos de fazer", disse Connie à Suprema Corte de Londres, onde ocorreu audiência final sobre o caso.
"Nós decidimos deixar nosso filho ir. Charlie teve uma chance de melhorar, mas agora nunca saberemos o que aconteceria se ele tivesse recebido o tratamento."
Ela e o pai, Chris Gard, choraram na audiência e prestaram homenagem ao "filho guerreiro". "Nós sentimos muito que não pudemos salvá-lo, mas não tivemos permissão para isso."
Do lado de fora do tribunal, manifestantes, em sua maioria ligados a entidades religiosas, insultaram os juízes. Nos últimos dias, os membros da equipe do hospital Great Ormond Street, onde o bebê está internado desde que nasceu, também recebeu ameaças, incluindo de morte.
Em nota, o hospital criticou duramente o médico Michio Hirano, que havia dito ser capaz de fazer o tratamento, de ter "interesse financeiro" com a venda dos componentes necessários para a recuperação da criança.
Dentre as provas, eles citam que Hirano não olhou nenhum dos exames de Charlie. O neurologista havia afirmado que a criança teria pelo menos 10% de chance de ter uma melhora significativa em sua condição. A equipe londrina afirmava que o dano cerebral era irreversível.
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