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ATUALIZADA - Após queixas de sem-teto, limpeza da Sé tem pedidos de 'licença' e 'por favor'

DHIEGO MAIA E THIAGO AMÂNCIO SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS) - "Até parece que eles estão usando maquiagem. Estão sorrindo mais, conversando com a gente de forma educada", diz Alberto David de Souza, 49, morador da praça da Sé, no centro de São Paulo. Souza s

Da Redação

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Escrito por Da Redação
Publicado em 20.07.2017, 21:25:08 Editado em 20.07.2017, 21:25:51
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DHIEGO MAIA E THIAGO AMÂNCIO

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SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS) - "Até parece que eles estão usando maquiagem. Estão sorrindo mais, conversando com a gente de forma educada", diz Alberto David de Souza, 49, morador da praça da Sé, no centro de São Paulo.

Souza se refere à abordagem aos moradores de rua feita pelos GCMs (guarda-civis) e agentes da zeladoria da gestão João Doria (PSDB) durante a limpeza da praça, na manhã desta quinta-feira (20). A operação contou com a presença do prefeito regional da área, Eduardo Odloak.

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A situação é diferente do que foi relatado por moradores de rua no dia anterior, quarta (19). Os sem-teto dizem que acordaram após a madrugada mais fria do ano com jatos de água de uma equipe municipal molhando suas barracas e pertences.

Nesta quinta (20), acompanhada pela imprensa e curiosos, a limpeza ocorreu de forma "bem estranha", segundo os moradores de rua.

Eles dizem ter ouvido dos agentes pela primeira vez palavras como "bom dia", "com licença" e "por favor". A abordagem amistosa ocorreu toda vez que um entulho, como sofás e cobertores velhos, precisou ser retirado. Os jatos de água só eram acionados com um sinal dos funcionários e nunca eram direcionados a quem ainda estava no chão.

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Quatro travestis que estavam num canteiro disseram achar tudo "uma cena".

"Eles são truculentos e homofóbicos. Chegam aqui retirando tudo, sem falar nada", afirma Jéssica Milk, 21.

Jéssica, Knanda de França Santana, 21, concordou. "Todo dia temos que desmontar a barraca, recolher os cobertores e sair da nossa "casa" para eles limparem. Só que quando vocês [imprensa] não estão aqui tudo é diferente. Eles xingam, riem da gente."

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Mesmo mancando, Aparecida Solange Ribeiro, 47, correu em direção aos caminhões de limpeza para avisar aos agentes que sua casa estava limpa. Ela temia, na verdade, que a inspeção levasse suas ripas de madeira -usadas para aquecê-la e cozinhar. "Eles só não levaram as ripas porque vocês [imprensa] estavam aqui", diz o marido de Aparecida, Edson Matos, 28.

A reportagem acompanhou a abordagem a um homem deitado em um colchão no chão de terra batida. Aparentando estar doente, Renato -assim chamado pelos colegas- estava cercado por muito lixo, que foi logo recolhido.

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Ele e a mulher, Carol, moram em um dos cantos da praça onde, segundo os moradores de rua e comerciantes da região, há consumo de drogas. Durante a abordagem, os guardas-civis acionaram o Samu (Serviço de Atendimento Móvel de Urgência) para levar o homem ao hospital.

Para Odloak, a limpeza da praça vai continuar, mas de forma mais pacífica. "Toda a zeladoria é treinada para fazer a abordagem da melhor forma possível", diz.

O prefeito regional afirma ainda que a praça não pode seguir o mesmo destino de outros locais da capital, tomados por lixo. "Aqui não tem banheiro químico e os banheiros do metrô não dão conta da demanda. Eles acabam fazendo suas necessidades em qualquer lugar."

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Ainda segundo ele, a Inova, empresa responsável pela zeladoria da área, foi notificada e terá cinco dias para explicar a denúncia dos moradores de rua.

Odloak também diz ter analisado as imagens das câmeras da GCM na praça. "Os vídeos, pelo menos, não mostram nenhuma situação anormal entre os moradores e a equipe de limpeza."

Já para os comerciantes, a limpeza é necessária. Sandra Maria da Silva, 48, que mantém há 20 anos uma banca de revistas no meio da praça, diz ter perdido as contas das vezes em que encontrou as portas da banca tomadas de fezes e urina. "Eles mijam até nos cadeados", afirmou.

'desumano'

Doria voltou a negar nesta quinta (20) que os moradores de rua tenham sido acordados sob jatos de água. Segundo ele, a GCM checou imagens de sete câmeras de segurança na praça da Sé, e não encontrou a cena relatada.

"Seria um ato desumano e absolutamente reprovável. Serviu também para redobrar a atenção da prefeitura e orientar as empresas prestadoras de serviços para que aumentem o cuidado e o zelo na limpeza pública."

Doria admitiu, no entanto, que os moradores de rua tiveram seus cobertores molhados. "Não deveriam ter sido. Mas foram molhados e já foram repostos."

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