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Superboi brasileiro pode aumentar produção de carne

SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS) - Um boi com mais músculos poderia fornecer mais carne utilizando o mesmo espaço ocupado atualmente pela pecuária. Pesquisadores brasileiros conseguiram exatamente isso a partir de mecanismos de introgressão genética, ou seja, a

Da Redação

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Escrito por Da Redação
Publicado em 12.07.2017, 18:35:09 Editado em 12.07.2017, 18:35:09
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SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS) - Um boi com mais músculos poderia fornecer mais carne utilizando o mesmo espaço ocupado atualmente pela pecuária. Pesquisadores brasileiros conseguiram exatamente isso a partir de mecanismos de introgressão genética, ou seja, a partir de sucessivos cruzamentos, transferir uma característica de uma espécie para outra.

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O projeto foi conduzido por Rodrigo Alonso, doutor em reprodução animal pela USP, e por Amílcar Tanuri, pesquisador da UFRJ.

Os cientistas sabiam que algumas raças europeias de gado, como a belgian blue, têm mais músculos e, dessa forma, podem produzir mais carne. Contudo, a tentativa de trazer essas raças para o Brasil não teve sucesso, pois não houve adaptação às características do país.

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O nelore é a raça predominante nos rebanhos brasileiros. "Ele é resistente ao calor e a carrapatos, a reprodução é fácil e o bezerro fica independente mais rápido", diz Alonso.

A ideia dos pesquisadores, então, foi tentar produzir um boi com todas as características de um nelore mas com a musculatura de um boi europeu. Para isso, eles precisavam que o nelore tivesse uma traço genético que possibilita a musculatura avantajada do belgian blue.

A miostatina e o gene associado a sua produção são os responsáveis pela inibição do crescimento dos músculos. No caso dos belgian blue, uma mutação nesse gene possibilita a musculatura mais desenvolvida.

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Os pesquisadores, contudo, não queriam criar um animal transgênico, pois isso impossibilitaria, pelo menos a curto prazo, a aplicação comercial do estudo. Por isso, decidiram pela introgressão.

Começaram cruzando uma vaca nelore com um touro belgian blue. A sequência de cruzamentos continuaria –com a seleção, a partir de análises de DNA após o nascimento, dos animais com as características desejadas– até se ter um nelore musculoso

O processo todo levaria cerca de 30 anos, um tempo que os cientistas brasileiros não quiseram esperar.

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Eles, então, começaram a fazer análises genéticas nos embriões e fazer fertilizações somente com os que tivessem a característica desejada. "Pego embrião por embrião, tiro algumas células, vejo como é o DNA e só transfiro para uma vaca os que eu quero", diz Alonso.

A ideia deu certo, mas mesmo assim o tempo foi longo até conseguirem os músculos que queriam. Após quase 15 anos, nasceram os primeiros bezerros nelore homozigotos (com duas cópias do gene do belgian blue) musculosos. No momento, já há mais desses 500 animais.

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"Nos bovinos, a seleção dessa mutação é um pouco atrasada. Em porcos e galinhas, essa melhoria genética da miostatina a partir de cruzamentos já foi feita", afirma Tanuri, pesquisador da UFRJ.

Segundo os pesquisadores, em um nelore normal, aproximadamente 50% do peso será aproveitado para produção de carne. No nelore musculoso que criaram, essa taxa sobe para cerca de 60%.

PARTO DIFÍCIL

Há, porém, alguns problemas com um bezerro que já nasce muito musculoso. No caso de animais que são homozigotos, o parto precisa ser acompanhado por uma equipe especializada, preparada até mesmo para uma possível cesariana. "Senão, a vaca pode não aguentar. Pode morrer ela e o bezerro", diz Alonso.

Já para os animais heterozigoto (que possuem só uma cópia da mutação musculosa), que por isso são menos fortes, o trabalho de parto é mais comum.

Outro possível problema diz respeito a gordura presente na carne. O gado mais musculoso possui uma faixa gordurosa menor, o que poderia não agradar os frigoríficos e a indústria. Contudo, os pesquisadores acreditam que isso não será um problema.

Os estudos para o desenvolvimento do gado musculoso foram financiados pelos próprios pesquisadores, pela Fapesp (Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo) e pela Finep (Financiadora de Estudos e Projetos).

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