DIOGO BERCITO
MADRI, ESPANHA (FOLHAPRESS) - Um líder da Igreja Anglicana afirmou nesta quinta-feira (22) que a instituição ocultou evidências do abuso de jovens praticado por um bispo durante duas décadas.
A declaração de Justin Welby, arcebispo da Cantuária, foi feita após uma investigação independente criticar a igreja por sua atuação no caso de Peter Ball. A liderança da Cantuária é cargo mais alto na Igreja Anglicana, abaixo do monarca. Welby classificou a leitura do relatório como algo "angustiante".
"A igreja conspirou e escondeu, em vez de tentar ajudar aqueles que foram corajosos o bastante para fazer as denúncias", disse. "Mais uma vez, eu peço desculpas."
"Esse é um comportamento indesculpável e chocante", afirmou, insistindo também em que o caso não é atual e, portanto, não significa que a instituição mantenha as práticas. "Não podemos ser complacentes, precisamos aprender as lições."
O bispo Peter Ball, hoje aos 85 anos, admitiu seu histórico de abuso de 18 jovens vulneráveis com de 17 a 25 anos entre 1977 e 1992. Eles lhe haviam procurado pedindo conselho espiritual. Uma das vítimas de Ball, Neil Todd, suicidou-se em 2012.
Ball escapou dessas acusações em 1993, ao renunciar de seu posto em Gloucester, um processo no qual recebeu o apoio de figuras de alto escalão na igreja. Ele foi foi preso em outubro de 2015 e foi solto em fevereiro passado após cumprir 16 meses, metade da pena.
O duro relatório condenando a instituição foi encomendado pelo próprio arcebispo da Cantuária, Welby. O trabalho foi chefiado por Moira Gibb durante um ano.
O texto publicado nesta quinta diz que a igreja tratou Ball como uma vítima, em vez de perpetrador, enquanto ofereceu pouca compaixão às vítimas.
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