SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS) - O Reino Unido e a UE (União Europeia) iniciaram nesta segunda-feira (19) as negociações do "brexit". A saída britânica no bloco regional, aprovada por margem apertada em plebiscito em junho 2016, porá fim a 44 anos de integração.
O secretário britânico para o "brexit", David Davis, se reuniu em Bruxelas com o negociador da UE, Michael Barnier. Juntos, eles decidiram o cronograma e os principais temas das negociações, que devem se estender até março de 2019.
As conversas deverão ocorrer uma vez por mês e os temas de negociação serão concentrados em três áreas: os direitos dos 3 milhões de cidadãos europeus que vivem no Reino Unido, o possível pagamento de uma multa pelo Reino Unido e outros assuntos.
Paralelamente, será discutida a situação do controle na fronteira com a Irlanda, que passará a ser primeira fronteira terrestre do Reino Unido com a UE.
Os dois lados expressaram otimismo em relação às chances de chegar a um acordo. Davis afirmou que as conversas foram "bastante produtivas" e Barnier disse que as partes começaram as conversas "com o pé direito".
Ainda assim, o Reino Unido parece ter saído em posição desfavorável.
Quando deflagrou formalmente o processo de saída da UE, em março, A primeira-ministra Theresa May prometeu pressionar a UE a discutir a separação simultaneamente aos termos das futuras relações do Reino Unido com o bloco.
No entanto, Barnier declarou que primeiro será discutido o "brexit" para, em um segundo momento, "abranger nosso relacionamento futuro". Davis negou ter capitulado à UE, dizendo que o mais importante é como as negociações terminarão e não como começaram.
O representante da UE também disse que não pretende fazer "concessões" aos britânicos, ressaltando que "não se trata de punição ou vingança".
"O Reino Unido decidiu sair da UE, não o contrário", afirmou Barnier. "Cada um de nós precisa assumir suas responsabilidades e as consequências de nossas decisões."
FRAGILIDADE
As negociações ocorrem no momento de maior fragilidade do governo da primeira-ministra May.
A líder conservadora passou a ter sua permanência no cargo questionada após perder a maioria no Parlamento nas eleições de 8 de junho, que ela própria havia convocado de maneira antecipada sob a prerrogativa de fortalecer o governo nas conversas com a UE.
Além disso, o governo passou a ser questionado após uma série de atentados terroristas -o último deles na madrugada desta segunda-feira em Londres, em que um motorista atropelou muçulmanos que saíam de uma mesquita, deixando um morto e dez feridos.
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