DIOGO BERCITO, ENVIADO ESPECIAL
MANCHESTER, REINO UNIDO (FOLHAPRESS) - O líder do Partido Trabalhista, Jeremy Corbyn, discursou nesta sexta-feira (26) relacionando a política externa britânica ao atentado que deixou 22 mortos em Manchester dias antes. Ele concorre às eleições de 8 de junho.
Em uma polêmica fala, marcando o retorno da campanha eleitoral, que havia sido interrompida pelo ataque terrorista, ele afirmou que "o próximo governo precisa fazer melhor" do que a atual gestão da primeira-ministra conservadora, Theresa May.
"A responsabilidade do governo é minimizar a chance de um ataque terrorista, garantir que a polícia tenha os recursos de que precisa, que nossa política externa reduza em vez de aumentar as ameaças a este país."
Houve crítica à ideia de que o Reino Unido contribuiu ao atentado contra o próprio país ao se envolver em intervenções externas. Amenizando a controvérsia, o líder trabalhista reconheceu que "nenhum governo pode prevenir todos os ataques".
Corbyn prometeu dedicar uma fatia mais gorda do Orçamento aos serviços públicos para garantir a segurança do país. Ele criticou os cortes recentes no efetivo policial e afirmou que irá contratar mais pessoal, com "todas as medidas necessárias".
May reagiu ao discurso de Corbyn defendendo as medidas tomadas pelo seu governo para evitar atentados e proteger os cidadãos. "Não há justificativas para o terrirismo", afirmou. A líder conservadora também criticou seu adversário, dizendo que ele "não é apto para o trabalho" de primeiro-ministro.
Ben Wallace, ministro da Segurança, afirmou que os comentários de Corbyn vieram em um momento horrível. "Essas pessoas odeiam os nossos valores, e não a nossa política externa."
Tim Farron, líder do Partido Liberal-Democrata, também criticou a fala do trabalhista. "Alguns dias atrás, um jovem construiu uma bomba, foi a um concerto pop e intencionalmente matou crianças", disse. "Corbyn decidiu usar aquele ato grotesco para fazer um argumento político."
ELEIÇÃO
As pesquisas de intenção de voto sugerem que o Partido Trabalhista será derrotado nas eleições, mas a diferença em relação ao Partido Conservador tem diminuído.
Uma sondagem do YouGov publicada pelo "Times" dá 43% de votos aos conservadores, contra 38% dos trabalhistas. Foram ouvidos 2.052 eleitores em 24 e 25 de maio. Não há informação sobre a margem de erro.
A ministra do Interior, Amber Rudd, negou em entrevista na quinta-feira (25) que os cortes na polícia contribuíram com o ataque.
"Pode haver uma conversa sobre o policiamento, podemos fazer isso em algum momento", disse à rede BBC. "Mas agora não é esta conversa. Precisamos deixar de sugerir que essa ação terrorista não teria ocorrido se houvesse mais policiamento."
O total de detidos chegou a dez na manhã desta sexta-feira, incluindo um irmão de Salman Abedi, o homem-bomba. É possível que cúmplices estejam à solta, o que justifica a manutenção do estado de alerta em seu nível mais alto. Há indícios de que Abedi agiu como parte de uma rede mais ampla.
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