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Operação na cracolândia, em SP, foi tragédia, selvageria sem paralelo, diz promotor

ARTUR RODRIGUES SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS) - O promotor da área da saúde Arthur Pinto Filho vinha conversando com a gestão João Doria (PSDB) nos últimos dois meses sobre a formatação do atendimento aos viciados da cracolândia. Ele diz ter sido surpreendid

Da Redação

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Escrito por Da Redação
Publicado em 24.05.2017, 01:30:10 Editado em 24.05.2017, 01:30:12
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ARTUR RODRIGUES

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SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS) - O promotor da área da saúde Arthur Pinto Filho vinha conversando com a gestão João Doria (PSDB) nos últimos dois meses sobre a formatação do atendimento aos viciados da cracolândia. Ele diz ter sido surpreendido no último domingo (21) com uma operação totalmente diferente do combinado e classificou a ação como uma "tragédia" e "selvageria".

Pergunta - Como o senhor vê a operação na cracolândia?

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Arthur Pinto Filho - Como uma tragédia. Um equívoco do começo ao fim. Uma ação que não tem nenhuma vírgula do que foi tratado com a prefeitura. Discutimos durante dois meses a elaboração do projeto chamado Redenção. Nos encaminharam projeto para uma última discussão nesta quinta-feira (25).

Qual era o plano?

Iniciar o trabalho com equipes de saúde na região, verificando a situação de cada pessoa. Equipes que trabalhariam por setores de quarteirão. Teriam que trabalhar 24 horas por dia, sete dias por semana.

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Há sentido na construção de um centro psicossocial só sete dias após a operação?

Nenhum, porque as pessoas se dissolveram pela região. Os grupos de apoio não têm mais contato com as pessoas. Elas estão vagando. A ideia era um projeto civilizatório com começo, meio e fim, que daria resultado a médio prazo.

E em relação aos hotéis?

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O que se previa era o seguinte: conforme a prefeitura fosse arrumando outros locais longe da cracolândia, as pessoas sairiam tranquilamente dos hotéis já com locais de moradia. O que estão fazendo é uma selvageria. Eles deram duas horas para as pessoas saírem dos hotéis. Estão derrubando tudo.

A prefeitura diz que não avisou nem sua estrutura para evitar vazamento da ação policial. Como avalia a tática? É uma tática que não deu certo. Tenho informação que vários órgãos de imprensa sabiam da operação desde sábado à noite. Agora, nós não sabíamos. Nem a Defensoria.

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A Promotoria vai investigar a GCM por fazer revistas na área. Agora, os agentes também estão fazendo vistoria para verificar situação de pensões. Eles podem fazer isso?

Poderia ser Defesa Civil ou outra entidade, menos a guarda. A guarda foi criada pela Constituição para cuidar dos próprios municipais. E cuida muito mal. A GCM está sendo desviada de função para coisa que não sabe e não deve fazer.

Que atitudes o Ministério Público vai tomar?

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Estamos absolutamente estupefatos. O que está acontecendo agora naquela região é uma coisa absurda. Não tem paralelo você destruir casas com pessoas dentro. Vamos nos reunir agora, porque o que nos parecia uma coisa que poderia até ter um encaminhamento razoável daqui para frente ficou impossível. O que aconteceu ali é uma selvageria que não tem paralelo.

O governador e o prefeito têm discursos dissonantes. Há descompasso também na ação?

Se há descompasso não consigo saber com nitidez. Consigo perceber que a prefeitura não se organizou para essa operação. Não tinha um equipamento necessário aberto para colocar essas pessoas.

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O prefeito pode ser responsabilizado por essas medidas?

Não há dúvida nenhuma. A impressão que me dá é que o comando é dele. Portanto, nós vamos instaurar o inquérito para saber quem comandou.

Ele responderia civilmente ou criminalmente?

Por improbidade administrativa [área cível].

E em relação ao Estado, que promoveu a ação policial?

A ação policial não tem avaliação da nossa parte, porque quem está avaliando são os colegas [promotores] criminais. O que a gente avalia é o depois da operação.

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