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Rede de amigos guardou segredo sobre paradeiro de Belchior em Santa Cruz

FERNANDA CANOFRE SANTA CRUZ DO SUL, RS (FOLHAPRESS) - A notícia de que o cantor Belchior, compositor ícone da música brasileira nos anos 1970, estava vivendo em Santa Cruz do Sul há três anos, pegou de surpresa a cidade de 126 mil habitantes, no interior

Da Redação

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Escrito por Da Redação
Publicado em 30.04.2017, 19:10:07 Editado em 30.04.2017, 19:10:10
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FERNANDA CANOFRE

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SANTA CRUZ DO SUL, RS (FOLHAPRESS) - A notícia de que o cantor Belchior, compositor ícone da música brasileira nos anos 1970, estava vivendo em Santa Cruz do Sul há três anos, pegou de surpresa a cidade de 126 mil habitantes, no interior do Rio Grande do Sul. Nem os vizinhos da casa branca de dois pisos conheciam quem vivia nela.

Belchior foi encontrado morto por sua companheira, na sala de casa, na manhã deste domingo (30). O laudo da necropsia afirma que ele morreu por um rompimento da aorta, enquanto dormia.

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Em depoimento à polícia, Edna Prometeu, produtora cultural com quem o compositor vivia desde 2005, disse que ele se queixou de frio e dor nas costas na noite de sábado (29) e pediu para ficar um pouco na sala de estar, nos fundos da casa, onde costumava passar o tempo ouvindo música clássica.

Antes de subir para o quarto, Edna perguntou se ele queria acompanha-la, mas Belchior disse que preferia ficar ali. Pela manhã, Edna o encontrou já sem vida, no mesmo sofá.

A privacidade do casal e o segredo do paradeiro de Belchior -que passou a ser curiosidade de todo o país, depois de uma reportagem do "Fantástico" (Globo), em 2009- foi mantida nos últimos anos de vida do cantor graças a uma rede de amigos.

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Depois de ser descoberto pela imprensa morando no Uruguai, Belchior partiu para a estrada outra vez, vivendo uma vida itinerante. Ninguém mais sabia dizer por onde andava. Uma sobrinha que vive no Ceará disse que o último contato da família com ele foi em 2008.

A rede de amigos dele e de Edna entrou em contato com conhecidos de Santa Cruz do Sul perguntando se eles poderiam receber temporariamente o casal, com a condição de guardar segredo sobre suas identidades. Na cidade discreta, marcada pela colonização alemã, Belchior encontrou a vida longe dos holofotes que queria.

A escritora Celia Zingler, um dos primeiros contatos do casal na cidade, acredita que o que fez Belchior adotar Santa Cruz como endereço fixo por mais tempo, foi a forma como foi recebido. "Ele foi muito acolhido aqui. Outros amigos nos procuraram porque estavam preocupados com eles, pedindo se poderíamos recebê-los e ajudar a manter a privacidade", diz ela. "Ele era uma pessoa que nunca reclamava de nada".

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Malu Muller, dona de casa, conheceu o casal a partir de Celia. Há dois anos, Belchior e Edna ficaram hospedados por 20 dias na casa dela. "Era uma pessoa incrível, maravilhosa, estava sempre bem humorado. Ele acordava de manhã já dando beijo na gente", lembra ela.

Quando o casal deixou por um tempo Santa Cruz, Malu perdeu o contato com eles. No final do ano passado apenas é que voltaram a se encontrar depois que esbarrou com Edna, no centro da cidade. Passou a visitá-los na casa do bairro Santo Inácio, onde Belchior foi encontrado esta manhã. Ainda emocionada e abalada ela conta: "Minha filha se surpreendeu hoje de manhã e disse: 'mãe, como tu nunca me contou que visitava o Belchior aqui?'"

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Malu diz, ainda, que Belchior estava planejando uma volta aos palcos. Ela emprestou um violão que tinha em casa para ele e afirma que todo o tempo em que esteve "sumido", nunca deixou de compor. No mês passado, o compositor perguntou para o marido da dona de casa sobre a possibilidade de irem a Florianópolis ainda em abril, onde ele tinha amigos que iriam ajudá-lo "a recomeçar de novo".

"Ele estava preocupado com a situação política do Brasil, com o golpe, e sentia que estava na hora de voltar. Dizia que não podia ficar se escondendo em um momento assim", conta ela.

Política era uma preocupação constante para ele e um dos assuntos recorrentes nos jantares em que tinha com amigos, em casa. E mesmo nos jantares íntimos, Belchior nunca cantava. Os assuntos com os amigos passavam ainda sobre viagem, cultura e filosofia, um dos assuntos prediletos do artista.

Ainda emocionadas com a partida repentina dele, as amigas ainda não sabem qual será o destino do trabalho que Belchior tocava nos últimos dias. Elas não chegaram a conhecer as músicas que ele estava compondo, mas acreditam que política voltaria a ser sua voz.

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