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Risco para Seul limita opções contra Kim

IGOR GIELOW SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS) - Os cálculos sobre um eventual ataque norte-americano à Coreia do Norte esbarram na opacidade da real capacidade militar do regime de Kim Jong-un. Mas os cenários existentes sugerem um custo talvez impagável. A prim

Da Redação

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Escrito por Da Redação
Publicado em 22.04.2017, 07:25:08 Editado em 22.04.2017, 07:25:09
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IGOR GIELOW

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SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS) - Os cálculos sobre um eventual ataque norte-americano à Coreia do Norte esbarram na opacidade da real capacidade militar do regime de Kim Jong-un. Mas os cenários existentes sugerem um custo talvez impagável.

A primeira dúvida, claro, é se a ditadura já logrou miniaturizar e adaptar uma de suas ogivas nucleares para colocá-la em um míssil balístico de médio alcance capaz de atingir a Coreia do Sul ou o Japão, incluindo aí alvos americanos nesses países.

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Se sim, e analistas creem que isso pode ter acontecido com alguma das talvez cinco bombas existentes, as alternativas são sombrias porque seria impossível localizar o lançador móvel da arma.

Assim, mesmo um ataque americano maciço ensejaria a resposta nuclear e uma escalada correspondente.

Se os norte-coreanos não têm tal arma, ainda assim os cenários lhes favorecem em termos de dissuasão. Se atacados e sob ameaça de derrota, não teriam nada a perder e alegariam autodefesa.

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Os EUA já disseram que podem atacar alvos do programa nuclear e de mísseis de Pyongyang. Usariam para isso mísseis de cruzeiro, provavelmente. Isso dispararia uma retaliação contra Seul, a capital sul-coreana. É reconhecida como grande a capacidade dos comunistas em fazer estragos entre a fronteira desmilitarizada e a cidade, metrópole de 10 milhões de habitantes que fica a apenas 55 km dali.

Se carece de blindados, tanques, aviões e navios modernos, perdendo em todos esses itens para o Sul, o Norte tem uma formidável força de ataque posicionada ao longo da fronteira na forma de lançadores de foguetes, artilharia e mísseis balísticos.

São 21 mil armas que podem atingir, com graus de saturação diferente, o caminho até a capital. Ao menos os lançadores múltiplos de mísseis de 240 mm e de 300 mm podem acertá-la em cheio.

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E não se fala aqui de seus vários mísseis balísticos, que alcançariam todo o Sul em uma campanha maior. São talvez 300 desses mísseis ou mais, inclusive um modelo lançado por submarino.

Mas há também dúvidas sobre as capacidades dos comunistas. Segundo estudo da consultoria americana Stratfor, eles não arrasariam toda Seul como se teme, e registros de escaramuças na fronteira apontam que até 25% dos projéteis do Norte falham por má qualidade.

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A mesma análise, contudo, estima que uma primeira barragem pode despejar o equivalente ao que carregam 11 bombardeiros B-52 de uma só vez na região metropolitana.

Para lidar com essa ameaça, os americanos teriam de primeiro suprimir as defesas aéreas comunistas. O que seria um problema, de acordo com análise do Instituto Internacional para Estudos Estratégicos (Londres).

Há desde antigo material soviético, ainda efetivo, para baixa altitude, e sistemas mais modernos --incluindo uma versão local da famosa bateria russa S-300, o KN-06, que pode atingir alvos até a 300 km de distância.

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Aviões como o B-52, gigante cuja grande capacidade de levar munição o torna opção óbvia para a tarefa de um bombardeio intensivo, estariam vulneráveis. Os modelos mais furtivos ao radar B-2 são poucos e, caso algum fosse derrubado, o dano de imagem seria irreparável.

Haveria o risco também de perder aviões de ataque. Pior, enquanto a operação se desenrolasse, haveria tempo de sobra para atacar Seul.

Há 23 anos, Bill Clinton desistiu de atacar instalações nucleares de Pyongyang porque a estimativa de baixas sul-coreanas era de 1 milhão.

As opções convencionais parecem abrir uma janela para Pyongyang tentar cumprir sua promessa de obliterar Seul em alguma escala. O uso de armas nucleares parece impossível para Washington.

Se os sul-coreanos se juntassem à ofensiva, até porque dificilmente os EUA empregariam forças terrestres, o cenário fica ainda mais mortífero de lado a lado. Mesmo muito inferiores tecnologicamente, os norte-coreanos têm o dobro de soldados ativos.

Restaria definir a motivação americana. A ameaça de agir contra testes nucleares ou de mísseis serviu mais para engajar a China, aliada de Kim, contra o ditador.

E um teste de míssil intercontinental com capacidade nuclear, que poderia atingir os EUA, parece que ainda vai demorar para acontecer e dar uma justificativa para a ação.

Tudo isso parte do pressuposto de que Kim não atacaria primeiro por não ser suicida. Se essa sabedoria convencional estiver errada, aí tudo é possível.

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