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Desabitado, oriente russo gera desafios para Putin

SÓ PODE SER PUBLICADO COM ASSINATURA IGOR GIELOW RÚSSIA (FOLHAPRESS) - Uma ponte bilionária e pouco usada no fim da Transiberiana, no distante Extremo Oriente da Rússia, simboliza de forma eloquente as dificuldades que o país de Vladimir Putin enfrenta pa

Da Redação

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Escrito por Da Redação
Publicado em 09.04.2017, 07:40:08 Editado em 09.04.2017, 07:40:10
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IGOR GIELOW

RÚSSIA (FOLHAPRESS) - Uma ponte bilionária e pouco usada no fim da Transiberiana, no distante Extremo Oriente da Rússia, simboliza de forma eloquente as dificuldades que o país de Vladimir Putin enfrenta para desenvolver sua vasta porção asiática.

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Os protestos anticorrupção registrados no país no fim de março atingiram várias cidades da região, insinuando que não apenas as manifestações pontuais contra problemas econômicos crônicos estão na ordem do dia.

A Rússia se divide em 25% de território europeu, que concentra 77% da população de 143 milhões de pessoas. O leste na Ásia fica com o resto e uma densidade populacional de apenas um décimo.

Seu território é composto por boa parte do distrito dos Urais, pelo distrito da Sibéria e pelo do Extremo Oriente. Essa fatia é a mais desabitada e subdesenvolvida: entre 1998 e 2014, seu PIB cresceu 3 bilhões de rublos (equivalente a R$ 165 milhões), contra 12 bilhões (R$ 661 milhões) de Moscou sozinha. É lá que fica a ponte Russky, integrante do conjunto viário criado por Moscou em Vladivostok em 2012, para modernizar a comunicação entre a maior cidade da região e suas duas ilhas principais. Na maior delas, homônima, foi construído um complexo para sediar a reunião de cúpula de líderes asiáticos e do Pacífico, convertido no campus da universidade federal local.

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O complexo, enorme e moderno, é deserto. Dos 30 mil estudantes, cerca de 10% moram nos dormitórios, que têm espaço para três vezes mais alunos. "É muito frio aqui", conta Wu, 22, estudante chinês de biologia marinha. No inverno a temperatura pode bater nos 40 graus negativos.

A ponte custou estimados US$ 1,3 bilhão, e o campus, US$ 2 bilhões. "Não sabemos bem por que gastaram essa fortuna aqui", diz Viacheslav Semonov, taxista na casa dos 40 anos que trabalha na região desde 2006 e se diz eleitor frustrado de Putin.

Os carros que utilizam a ponte, inclusive o do motorista, sinalizam o predomínio dos vizinhos economicamente mais poderosos. São quase todos japoneses e usados, o que ainda gera um fato pitoresco: como os veículos do país vizinho rodam pela esquerda, os motoristas têm de se virar para trafegar na mão direita vigente na Rússia.

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A cidade ainda tem uma profusão de investimentos sul-coreanos e chineses. A influência dos vizinhos de Pequim, aliás, é a grande preocupação de Putin na colonização das áreas fronteiriças.

Após decretar o tema "prioridade nacional do século 21" em 2013, o presidente começou a estimular a migração ao estilo dos czares, ou seja, dando terra de graça. O problema é que o território, de 1 hectare, é insuficiente para produção econômica sustentável.

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O site do programa informa que 7.448 dos 73.623 pedidos por terra já foram aceitos até aqui, mas não diferencia quem já morava na região e eventuais forasteiros.

O Extremo Oriente russo tem 6,1 milhões de habitantes, contra 110 milhões de chineses concentrados na Manchúria, ao sul. Em alguns pontos, o comércio é todo de produtos da China.

Devido ao frio extremo do inverno, durante dois meses não há atividade econômica no Extremo Oriente e partes da Sibéria.

Assim, os subsídios abundam: os 408 mil passageiros que voaram para o Extremo Oriente em 2016 chegaram lá por meio de um programa de incentivo que deu pouco mais de US$ 50 milhões às empresas aéreas locais.

Os centros populacionais seguem a ferrovia Transiberiana, unindo Moscou a Vladivostok. São soluços, minúsculos ou grandes como o ponto final de 600 mil habitantes, ao longo da maior parte dos 9.289 km de rota.

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