ISABEL FLECK
WASHINGTON, EUA (FOLHAPRESS) - O Departamento de Segurança Doméstica dos Estados Unidos divulgou os memorandos que colocam em prática a nova política de imigração do presidente Donald Trump, anunciada em decretos assinados em janeiro.
Entre as decisões mais polêmicas, está a de autorizar a deportação "expressa" para quem não conseguir comprovar que vive nos EUA de forma contínua por pelo menos dois anos. Antes, a prática estava limitada a pessoas detidas a menos de 100 milhas (160 quilômetros) da fronteira e que tinham chegado há menos de duas semanas no país.
Só essa decisão já tem potencial para aumentar significativamente o número de imigrantes deportados daqui para frente. A "remoção expressa" permite que um indivíduo seja mandado de volta a seu país sem passar por todo o processo legal, com audiências e o trâmite normal em tribunais.
Outra mudança é sobre quem serão os alvos prioritários de deportação, que, no governo Obama, eram os imigrantes ilegais condenados por crimes graves. Agora, os agentes de imigração e de fronteira estão orientados a deportar os condenados por qualquer crime.
Para dar conta da ação em todo o país, que tem cerca de 11 milhões de imigrantes sem documentos, está prevista nos memorandos a contratação de 10 mil novos agentes, a expansão do número de centros de detenção e a criação de um escritório para ajudar as famílias das vítimas de crimes envolvendo imigrantes ilegais.
Em uma teleconferência na manhã desta terça-feira (21), funcionários do departamento disseram, sob anonimato, que muitas das propostas terão uma implementação mais lenta, já que é preciso organizar a logística e finalizar as regras para as ações.
A decisão de levar imigrantes de países da América Central, como El Salvador, Guatemala e Honduras, para centros no México onde ficarão esperando por audiências, por exemplo, será implementada aos poucos, já que o governo vizinho precisa aceitá-los.
"DREAMERS"
Nesta terça, em entrevista à MSNBC, Trump disse que vai cuidar "muito, muito bem" dos imigrantes que chegaram aos EUA ainda crianças, os chamados"dreamers" (sonhadores), por serem protegidos pelo "Dream Act" projeto de lei de 2001 (nunca aprovado), que prevê a regularização de estrangeiros que entraram no país antes dos 16 anos e têm hoje menos de 35.
Segundo os funcionários do Departamento de Segurança Doméstica, nenhuma das diretrizes assinadas pelo secretário John Kelly mudarão o programa conhecido como Daca, criado em 2012 por Obama, que oferece permissão de trabalho e proteção contra deportação aos "dreamers".
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