ROGÉRIO GENTILE E EDUARDO GERAQUE
SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS) - O médico Jorge Kalil vai ser afastado da direção do Instituto Butantan nesta terça-feira (dia 21). O anúncio deve ser feito pelo secretário de Saúde do Estado, David Uip.
A reportagem apurou que Kalil será deslocado para um outro cargo, onde continuará trabalhando com o desenvolvimento de vacinas.
O cientista, especialista de renome internacional no desenvolvimento de medicamentos, está em Paris, de onde deve voltar depois do Carnaval. A assessoria do Butantan não conseguiu contato com ele na noite desta segunda (20).
No dia 8 de fevereiro, como a reportagem revelou, o diretor presidente da Fundação Butantan, André Franco Montoro Filho, pediu demissão do cargo. Ele alegou ter encontrado uma série de improbidades no órgão, depois de assumir o posto em 2015.
Irregularidades que teriam sido comprovadas por uma auditoria externa feita no Butantan.
A Fundação, na prática, é quem administra o instituto, a quem cabe produzir vacinas e desenvolver pesquisas. O órgão administrativo do Butantan, que comercializa os produtos, por exemplo, tem um orçamento na casa de R$ 1,2 bilhão.
As críticas de Montoro Filho ao se demitir da fundação estavam direcionadas para Jorge Kalil, que durante uma época acumulou a direção tanto da fundação quanto do instituto. O que foi considerado um erro pelo governo do Estado.
No início do mês, segundo ainda Montoro Filho, Kalil voltou a tentar esvaziar o poder da fundação.
Além da mudança na direção do instituto, o governo do Estado vai alterar alguns nomes do conselho do órgão. O colegiado aprovou as decisões de Kalil criticadas por Montoro Filho na carta de demissão.
De acordo com a gestão Alckmin, as investigações sobre os pontos levantados pela auditoria estão em andamento e vão ser aprofundadas.
Uma delas, como mostrou reportagem da Folha desta segunda-feira, é a entrada em operação da fábrica de hemoderivados de sangue do instituto.
Lançada há 9 anos, e com um investimento de R$ 239 milhões, a planta nunca funcionou. Segundo a auditoria, outros R$ 400 milhões serão necessários para que tudo fique pronto. O valor é contestado pela direção do instituto.
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