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Teste de vacina contra zika tem sucesso em camundongos e macacos

REINALDO JOSÉ LOPES SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS) - Dois testes em pequena escala de uma nova forma de vacina contra o vírus da zika, realizados com camundongos e macacos, tiveram resultados muito animadores, protegendo quase todos os animais da invasão do v

Da Redação

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Escrito por Da Redação
Publicado em 02.02.2017, 15:04:34 Editado em 02.02.2017, 23:41:12
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REINALDO JOSÉ LOPES

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SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS) - Dois testes em pequena escala de uma nova forma de vacina contra o vírus da zika, realizados com camundongos e macacos, tiveram resultados muito animadores, protegendo quase todos os animais da invasão do vírus. Se o organismo humano reagir à abordagem de forma parecida, a produção de uma vacina eficaz poderá se mostrar uma meta relativamente simples de cumprir.

Os responsáveis pelo teste –uma equipe de cientistas dos EUA, do Canadá e da Alemanha liderada por Drew Weissman, da Universidade da Pensilvânia– acabam de publicar seus achados na revista científica britânica "Nature". Para "ensinar" o organismo das cobaias a se defender do zika, eles injetaram nos bichos dois trechos do material genético do vírus.

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Diferentemente de animais, plantas e bactérias, o zika e vários outros vírus usam o RNA, e não o DNA, para armazenar suas informações genéticas. Do ponto de vista do design de uma vacina, isso pode ser uma vantagem. Ocorre que o RNA, por si só, não é capaz de invadir o genoma das células humanas e pode ser "digerido" com mais facilidade pelos sistemas de limpeza celular, o que minimiza o risco de efeitos colaterais da vacinação.

Para montar a molécula-chave da vacina, Weissman e companhia escolheram os pedaços de RNA que contêm a receita para a produção de duas proteínas que ficam na superfície das partículas de vírus zika, chamadas E (de "envelope") e prM (de "pré-membrana"). Faz sentido, já que é essa parte superficial do vírus que entra em contato com as células humanas quando o zika começa a invadi-las e, portanto, valeria a pena treinar as células para reconhecer o invasor logo de cara.

EMPACOTAMENTO

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Grudados, os dois trechos de RNA foram colocados dentro de uma embalagem de moléculas de gordura, que facilitam a absorção do pacote pelas células, e injetados na corrente sanguínea de camundongos e de macacos. Uma vez dentro das células, as moléculas foram "lidas" por elas como se fossem mRNA ou RNA mensageiro, que serve para instruir a maquinaria celular a produzir proteínas –no caso, proteínas tipicamente virais.

Com a produção dessas proteínas estranhas ao organismo, o sistema de defesa das células entrou em alerta, como se um vírus de verdade estivesse por perto. Resultado: fabricação maciça de anticorpos, ou seja, armas especializadas contra o vírus zika.

O passo seguinte foi o que os imunologistas costumam chamar, usando uma nomenclatura que parece coisa de boxe ou MMA, de "desafio" –basicamente uma injeção maciça de vírus para testar se o organismo dos animais de laboratório tinha mesmo desenvolvido defesas robustas. No caso dos camundongos, nenhum dos dez roedores vacinados foi afetado pelo invasor viral.

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No caso do desafio ao sistema imune dos macacos-resos, a situação foi um pouco mais complexa. De cinco primatas vacinados, quatro não tiveram níveis detectáveis de vírus em seu sangue, enquanto um quinto macaco teve uma rápida e pequena elevação de níveis virais três dias após o desafio, mas ainda assim quase imperceptível se comparada ao que aconteceu com os resos não vacinados.

"Usar um RNA modificado é uma estratégia interessante, e os resultados são promissores", resume o virologista Maurício Lacerda Nogueira, da Faculdade de Medicina de São José do Rio Preto (SP). "Precisamos ver como ela se sai em ensaios clínicos [ou seja, com pacientes humanos]."

Um ponto crucial é a durabilidade da imunização –já há indicações de que ela parece estar acontecendo, já que os anticorpos continuaram presentes em níveis estáveis no sangue dos macacos 12 semanas depois que a vacina foi administrada. Ainda não há previsão para testes em humanos.

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