DIOGO BERCITO
MADRI, ESPANHA (FOLHAPRESS) - Em meio à crescente expectativa em torno das eleições presidenciais francesas de abril, o jornal "Le Parisien" decidiu não realizar mais pesquisas de intenção de voto. A decisão surpreendeu o país, acostumado a centenas dessas sondagens.
Este pleito está especialmente coberto de expectativas, diante da possibilidade de que Marine Le Pen, da extrema-direita, seja eleita.
A França vota, afinal, após uma série de erros de cálculo em pesquisas de opinião. A decisão britânica de deixar a União Europeia, em junho, e a eleição de Donald Trump nos EUA, em novembro, surpreenderam espectadores.
O diário "Le Parisien", conhecido por ter se baseado em diversas dessas sondagens no passado, afirma que vai investir em reportagens de campo -melhores termômetros do voto, argumenta.
"Em vez de apenas falar sobre o que alguns consideramos erros nas pesquisas, decidimos nos voltar para o centro de nossa profissão: ir a campo, próximos às pessoas", afirmou o editor Stephane Albouy, citado pelo jornal britânico "Guardian".
"Não estou atacando as pesquisas de opinião. Eles não fazem seu trabalho de maneira ruim. O problema é como a imprensa usa eles."
Seria mais importante, segundo Albouy, investir em reportagens aprofundadas que investigassem as preocupações dos eleitores do que tratar o pleito como uma corrida de cavalo, elencando os candidatos por números.
Abandonar as pesquisas também ajudaria o jornal a economizar recursos, em tempos de crise financeira.
TENDÊNCIAS
As pesquisas por ora disponíveis sugerem que François Fillon, candidato dos Republicanos (centro-direita), deve disputar o segundo turno com Marine Le Pen, da Frente Nacional (extrema-direita). Fillon deve ganhar.
Ainda não se sabe quem será o candidato da esquerda para o pleito, apesar de que não se espera que um de seus políticos tenha chances de chegar à Presidência.
O atual presidente, François Hollande, deixará o cargo com recorde de impopularidade. Ele decidiu não concorrer à reeleição.
A esquerda realiza suas primárias nos dias 22 e 29 de janeiro, quando disputam o centrista independente Emmanuel Macron e o socialista Manuel Valls. Valls lidera as sondagens, por enquanto.
Mas as próprias primárias da centro-direita mostraram os limites das pesquisas, quando Fillon venceu a disputa, contrariando as expectativas até então vigentes.
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