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Ônibus na zona sul do Rio volta a ser depredado e rendido para arrastão

NATÁLIA ALBERTONI RIO DE JANEIRO, RJ (FOLHAPRESS) - Na última quarta-feira (11), gritos abafados atraíram moradores às janelas e varandas dos prédios que ladeiam o cruzamento das avenidas Prado Júnior e Nossa Senhora de Copacabana, na zona sul do Rio de J

Da Redação

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Escrito por Da Redação
Publicado em 12.01.2017, 16:42:30 Editado em 12.01.2017, 16:45:10
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NATÁLIA ALBERTONI

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RIO DE JANEIRO, RJ (FOLHAPRESS) - Na última quarta-feira (11), gritos abafados atraíram moradores às janelas e varandas dos prédios que ladeiam o cruzamento das avenidas Prado Júnior e Nossa Senhora de Copacabana, na zona sul do Rio de Janeiro. À distância, o burburinho soava como uma briga de casal que havia saído do controle, porém, tratava-se de mais um arrastão a bordo de um ônibus da linha 474, que liga Copacabana a Jacaré, uma das comunidades mais violentas da capital fluminense.

"Isso aqui é todo dia. É revoltante. A polícia enxuga gelo", diz a dona de casa Luciana Fontenele, 46, que observou o episódio de perto. Marcelo Costa, 49, o motorista do ônibus, explica a já conhecida rotina: "Eles agem em bandos. São homens, mulheres, adolescentes e até crianças, que são usadas como escudo. Abordam o ônibus no posto 6 (Copacabana) e rendem o motorista mesmo se não estiverem armados, já que são em muitos. Uma vez no veículo, descem e sobem fazendo arrastão pelas calçadas. Seguem assim até o fim da linha, em Jacaré. Sabe-se lá o que ia acontecer. Levaram meu celular e minha mochila, que consegui recuperar".

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Marcelo trabalha nessa rota há apenas cinco meses, mas em razão das condições de segurança já havia solicitado a mudança de linha para a empresa de transporte (Braso Lisboa) mais de uma vez. O pedido não foi atendido e nesta semana viu a expectativa se tornar realidade. "Só uma pessoa havia pagado a passagem, coitado. O resto estava roubando, inclusive as mulheres", conta. Ele estima que cerca de 70 pessoas ocupavam o veículo quando a polícia militar o abordou e solicitou que parasse o carro.

A Polícia Militar cercou o veículo na pista central da avenida Nossa Senhora de Copacabana por volta das 18h da quarta (11). As pessoas que ocupavam o ônibus, na maioria homens jovens, tentaram fugir quebrando o vidro das janelas laterais ou abrindo as duas portas de segurança do teto. Ainda que alguns tenham escapado, 41 foram detidos por policiais do 19º batalhão e conduzidos para a 12ª DP. A ação foi filmada pelo espanhol Arturo Vila, 53, que estava no local.

Por meio da assessoria de imprensa, a PM informa que os batalhões responsáveis pelo patrulhamento dos bairros e do Grupamento de Policiamento Transportado em Ônibus Urbano (GPTOU) realiza operações de abordagem e revista em ônibus para coibir roubos, furtos e depredações. As ações são feitas no dia a dia seguindo um planejamento operacional.

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Além desta ocorrência em Copacabana, na terça (10), o 2º batalhão apreendeu um homem e três menores nas proximidades da rua Pinheiro Machado e do viaduto Jardel Filho, em Laranjeiras, após praticarem roubos e furtos em ponto de ônibus da via e adentrarem em coletivos.

Apesar dos assaltos serem mais frequentes no verão, quando a cidade está lotada de turistas, o problema da linha 474 é recorrente e tem sido sinalizada pela mídia e moradores. Para Rumba Gabriel, presidente da Associação Centro Social Quilombo Urbano Jacaré, essa é uma tragédia anunciada. "Infelizmente, a mídia não está exagerando. É uma realidade trágica. Uma tragédia anunciada, já que quando surgiram os primeiros incidentes, falei pessoalmente com o governador Luiz Fernando Pezão diante de várias lideranças de favelas em uma reunião que aconteceu no Palácio Guanabara no final de 2015. Naquela oportunidade narrei minuciosamente a situação. Era o princípio dos arrastões atuais", lembra.

Segundo ele, os participantes dos arrastões são oriundos principalmente das favelas de Jacarezinho, Mangueira, Tuiti, Rato (Dois de Maio) e Arará. Rumba, que é uma das principais lideranças da comunidade, conta ainda que naquela época foi feita uma enquete na comunidade e a maioria entrevistada concordava com a paralisação do 474 até o governo garantir a segurança dos usuários. "Nesse ínterim, os usuários procurariam outras alternativas. O que estamos assistindo é que o governo se encontra omisso e a segurança é extremamente incapaz de garantir a segurança", diz.

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Ciente da situação, a prefeitura garante via assessoria de imprensa que a linha será mantida pois serve à população como um todo e que esta não pode ser prejudicada por uma minoria. Questionada sobre providências a serem tomadas para solucionar a questão, o órgão reforça que segurança pública é responsabilidade do Governo do Estado, mas que, ainda assim, o prefeito recém-eleito Marcelo Crivella determinou que a Guarda Municipal atue em apoio à polícia para coibir pequenos delitos.

Na terça (10), por exemplo, a Secretaria Municipal de Ordem Pública (Seop) criou o Plano de Prevenção contra Pequenos Delitos e Arrastões nas Praias da Cidade do Rio de Janeiro, a ser desenvolvido em conjunto com as forças de segurança do Estado do Rio, para a redução da criminalidade. O planejamento da Guarda Municipal se estenderá às praias, a seus acessos, pontos de ônibus, às saídas do metrô e às ruas do entorno, com o objetivo de garantir maior segurança à população. Não há, porém, nenhuma especificação sobre a linha 474.

"Volta tudo ao normal. Até acontecer de novo", alerta a dona de casa Luciana Fontenele.

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