FABIANO MAISONNAVE
MANAUS, AM (FOLHAPRESS) - Em mais um sinal da situação caótica do sistema carcerário do Amazonas, 20 presos ameaçados de morte foram transferidos duas vezes de cidade em menos de 24 horas.
O grupo estava no Compaj (Complexo Penitenciário Anísio Jobim) durante o massacre do Ano Novo, que deixou ao menos 56 mortos. Por segurança, foram transferidos em seguida para a Cadeia Pública Desembargador Raimundo Vidal Pessoa, no centro de Manaus, onde ao menos quatro detentos foram mortos no domingo (8).
Na manhã desta segunda (9), esses 20 presos foram levados a uma prisão em Itacoatiara, a 270 km de Manaus, mas uma decisão judicial a pedido do governo estadual fez com que eles voltassem à cadeia pública na madrugada desta terça-feira (10).
Em nota, a Secretaria da Segurança Pública do Amazonas se limitou a dizer que a decisão "atende a um pedido da Secretaria de Administração Penitenciária visando a segurança dos detentos".
A reportagem procurou o secretário de Administração Penitenciária, Pedro Florêncio, mas ele não respondeu ao pedido de esclarecimento.
FORÇA NACIONAL
A Força Nacional desembarcou na madrugada desta terça (10) em Manaus (AM) para ajudar a controlar a crise nos presídios. Dois aviões da FAB (Força Aérea Brasileira), com viaturas e equipamentos, já chegaram a Manaus, por volta das 4h55 e das 10h30, respectivamente. Uma terceira aeronave deve chegar no período da tarde.
A autorização de envio dos militares para o Amazonas e Roraima ocorreu sob cobrança de governadores ao ministro da Justiça, Alexandre de Moraes. Segundo o ministro, serão cem homens para cada Estado. Eles não atuarão dentro das penitenciárias, mas nas ruas, no perímetro das cadeias.
A governadora de Roraima, Suely Campos (PP), havia solicitado o reforço da Força Nacional, vinculada ao Ministério da Justiça. Em uma carta, ela reconheceu que o seu governo não pode "garantir a integridade física" dos presidiários de "forma plena".
Sob essa justificativa, solicita "em caráter de urgência" maior auxílio financeiro para financiar construções em duas penitenciárias do Estado.
Na semana passada, o governo anunciou a construção de cinco presídios federais, o que seria suficiente para preencher apenas 0,4% do atual deficit de cerca de 250 mil vagas no sistema prisional. Para acabar com o deficit, seriam necessários de R$ 10 bilhões a R$ 12 bilhões -ante um custo aproximado de R$ 45 mil por vaga (segundo o governo federal).
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