RIO DE JANEIRO, RJ (FOLHAPRESS) - O corpo de Ferreira Gullar foi enterrado na tarde desta segunda (5), com homenagem de seus amigos, leitura de poema e canto.
O poeta, que morreu na manhã de domingo (10), foi enterrado no mausoléu da Academia Brasileira de Letras, no cemitério São João Batista em Botafogo, zona sul do Rio.
Com a família e a mulher -a também poeta Claudia Ahimsa- muito abaladas, coube ao amigo Leonel Kaz, que conheceu Gullar há 45 anos, fazer um discurso.
"Encontrava no convívio cotidiano com ele a temperança, a fibra e a honestidade sem igual, a defesa de ideias", disse Kaz. Ele contou que Gullar dizia que um gato havia embaralhado papéis e disso surgiu "A Revelação do Avesso" a última exposição de Gullar com 60 relevos em papel.
E leu o poema "Uma pedra é uma pedra": "Enquanto o homem é uma/ aflição/ que repousa/ num corpo/ que ele/ de certo modo/ nega/ pois que esse corpo morre/ e se apaga/ e assim/ o homem tenta/ livrar-se do fim/ que o atormenta/ e se inventa".
"Gullar sempre dizia que a vida era uma invenção, mas ele próprio foi uma grande invenção de si mesmo. Era um polvo provocador e polêmico, com tantos tentáculos."
Ao final, a família cantou os versos de "O Trenzinho do Caipira", melodia de Villa-Lobos para a qual Gullar escreveu a letra:
"Lá vai o trem com o menino/ Lá vai a vida a rodar / Lá vai ciranda e destino / Cidade noite a girar / Lá vai o trem sem destino / Pro dia novo encontrar."
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