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Estudo traça chegada do HIV em Nova York na década de 70

RICARDO BONALUME NETO SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS) - Uma nova técnica, apelidada de "britadeira de RNA", conseguiu identificar o material genético do vírus da Aids preservado em amostras de mais de 40 anos. Com isso foi possível identificar oito genomas (c

Da Redação

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Escrito por Da Redação
Publicado em 26.10.2016, 17:36:35 Editado em 26.10.2016, 19:57:31
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RICARDO BONALUME NETO

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SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS) - Uma nova técnica, apelidada de "britadeira de RNA", conseguiu identificar o material genético do vírus da Aids preservado em amostras de mais de 40 anos. Com isso foi possível identificar oito genomas (conjunto do material genético) antigos do vírus –até agora, apenas um era conhecido.

As conclusões do estudo mostram que a epidemia começou antes do que se imaginava no Caribe e na América do Norte, e que a ideia de um "paciente zero" que iniciou sua propagação é um mito.

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O vírus causador da doença, o HIV (vírus da imunodeficiência humana) é simples e letal. É pequeno tanto em tamanho como na quantidade de genes. Mas essa simplicidade esconde uma fantástica capacidade de se modificar e adaptar; além do fato de ter por alvo no organismo humano justamente as suas células de defesa. Logo, ele cria uma Síndrome da Imunodeficiência Adquirida (Aids, sigla em inglês), que debilita as defesas da vítima contra doenças chamadas "oportunistas", como a pneumonia.

Por ser tão simples, o HIV não tem o tradicional DNA (ácido desoxirribonucleico) comum a todos os seres vivos, sejam begônias, baleias ou seres humanos. O vírus tem apenas o mais prosaico RNA (ácido ribonucleico).

Mas amostras antigas de vítimas da doença geralmente não preservam bem o material genético. A equipe de Michael Worobey, da Universidade do Arizona em Tucson (EUA) usou uma técnica de "força bruta" para tentar reproduzir o RNA original e degradado –como quem usa uma britadeira para quebrar pedaços do material genético, para depois tentar coloca-los na ordem desejada.

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Os resultados, comparados ao que se conhece da genética e da epidemiologia da doença, indicam que ela aportou nas Américas antes do imaginado.

A Aids surgiu na África provavelmente na década de 1950, ou mesmo antes. Foi passada ao ser humano pelo sangue de macacos contaminados com uma versão animal do vírus, através do processamento da canre desses animais para consumo.

Os dados indicam agora que já em 1967 o vírus estava na região do Caribe, com o principal foco no Haiti.

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O RNA extraído pelas "britadeiras" mostra que o epicentro –núcleo inicial da doença– na América do Norte foi em Nova York, em torno de 1971, e dali passou para a Califórnia (notadamente em São Francisco) em 1976, e para Geórgia em 1979.

Em 1981 a Aids foi reconhecida como uma doença, graças a estudos com homens gays na Califórnia, o original "grupo de risco" nos EUA. Já na África e no Caribe a doença afetava principalmente heterossexuais. O vírus causador da doença identificado em 1984.

O novo estudo refuta a ideia de que houve um "paciente zero" que trouxe a doença aos EUA, identificado em um popular livro sobre os primórdios da epidemia como o comissário de bordo canadense Gaëtan Dugas. O mito foi propagado pelo livro do jornalista Randy Shilts, "And the band played on", que virou filme ("E a Vida Continua").

Na verdade, Dugas foi citado em um estudo como o paciente "O" (letra O), que terminou sendo incorretamente transformado em "0" (número zero).

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