LEANDRO MACHADO
SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS) - Um projeto de lei na Câmara Municipal de São Paulo pretende complicar uma das principais promessas de João Doria (PSDB): a venda do autódromo de Interlagos e do complexo do Anhembi, além da conceder o estádio do Pacaembu à iniciativa privada.
O projeto é uma emenda à Lei Orgânica do Município e propõe consultas populares obrigatórias em caso de venda de imóveis históricos da cidade, como o Pacaembu e o autódromo.
O texto foi apresentado nesta quarta-feira (19) pelo vereador Alfredinho (PT) e foi assinado por outros 18 vereadores para entrar na pauta da Casa. Agora, ele passará por comissões da Câmara, como a de Justiça, antes de ser votada em plenário.
Para ser aprovado e passar a valer, o projeto terá que ser aprovado por 37 dos 55 vereadores da Casa. A oposição a Doria, no entanto, deve contar com apenas 11 vereadores -nove do PT e dois do PSOL. A população precisa ser consultada sobre esses projetos. Esses imóveis são patrimônios da cidade. Daqui a pouco ele [Doria] vai querer vender a sede da prefeitura, diz Alfredinho.
Por conta da tramitação nas comissões, dificilmente o texto será votado neste ano, ainda sob gestão de Fernando Haddad (PT).
Na campanha, Doria afirmou que irá conceder o estádio, e vender o autódromo e o Anhembi. De acordo com ele, a cidade irá arrecadar R$ 7 bilhões com as vendas. O tucano promete que essa verba será a solução para as finanças, a saúde e a educação na capital.
EMPECILHOS
Conforme a Folha de S.Paulo mostrou neste mês, as privatizações e concessões planejadas pelo prefeito eleito João Doria devem esbarrar na crise econômica, no desafio de atrair interessados e na resistência de moradores e de órgão de patrimônio histórico.
Atualmente, Interlagos e o Anhembi são geridos pela SPTuris, empresa que tem a prefeitura como maior acionista.
Segundo Doria, os espaços manterão as atuais finalidades. Para especialistas, pode ser um obstáculo para negociá-los, em cenário econômico de incertezas. É possível regular um ativo quando se vende, mas isso traz um risco ao investidor, diz Sérgio Lazzarini, professor do Insper. Para ele, Doria terá de mostrar a empresários que não intervirá em excesso nos contratos.
Consultora em regulação e professora da FGV, Vera Monteiro avalia que a manutenção do uso é complicada no caso do autódromo. Para ela, o futuro dono pode querer dar ao local outra destinação se não obtiver lucro com corridas.
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