SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS) - Acusadas pelo Ministério Público Federal de crime ambiental na tragédia de Mariana, que matou 19 pessoas em novembro do ano passado, as mineradoras Samarco, Vale, e BHP Billiton repudiaram os argumentos da denúncia.
A Samarco é a empresa responsável pela barragem que se rompeu. Ela é controlada pela Vale e pela anglo-australiana BHP Billiton.
Segundo a Vale, os procuradores optaram por "desprezar as inúmeras provas apresentadas" na investigação.
A mineradora diz que as provas e os depoimentos "evidenciaram a inexistência de qualquer conhecimento prévio de riscos reais à barragem de Fundão [a que se rompeu] pela Vale por seus executivos e empregados". Afirma ainda que a Procuradoria "tenta, injustamente e a todo custo, atribuir-lhes alguma forma de responsabilidade incabível".
A Vale afirma ainda que "jamais praticou atos de gestão operacional na Samarco e tampouco na barragem de Fundão".
A Samarco replicou os argumentos da Vale e disse que "refuta a denúncia".
De acordo com a companhia, "toda e qualquer medida sugerida e implantada no que diz respeito à gestão da estrutura seguia as melhores práticas de engenharia e segurança. A estabilidade da barragem de Fundão foi atestada pela consultoria VogBR".
"Segurança sempre foi uma prioridade na estratégia de gestão da Samarco, e a empresa reitera que nunca houve redução de investimentos nesse tema por parte da empresa", afirmou, em nota.
EXCESSO DE ACUSAÇÕES
O advogado Maurício Campos, que representa três gerentes da Samarco, diz que não leu a denúncia, mas, "seguramente, há excesso da acusação, seja pela indevida multiplicidade de delitos, seja pela consideração de que tenha havido dolo na conduta daqueles que jamais coloriam em risco a vida de terceiros e suas próprias vidas".
Já a BHP diz que "repudia veementemente as acusações contra a empresa e os indivíduos denunciados" e informa que irá apresentar defesa contra as denúncias, mas ainda aguarda notificação formal.
A defesa da VogBR, denunciada sob acusação de apresentar laudo ambiental falso, também disse que não leu a denúncia. O advogado Leonardo Marinho afirmou que precisa "compreender por que ainda estão questionando o laudo e consolidar a situação de inocente".
A empresa e um de seus engenheiros chegaram a ser indiciados por crime ambiental e homicídio com dolo eventual, mas a denúncia não incluiu essas suspeitas.
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