MAIS LIDAS
VER TODOS

Geral

Ligado à esquerda, Dario Fo era crítico e não se encaixava no teatro socialista

SÓ PODE SER PUBLICADO NA ÍNTEGRA E COM ASSINATURA NELSON DE SÁ SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS) - Morto nesta quinta (13) aos 90 anos, o italiano Dario Fo, bufão, dramaturgo e quase tudo mais no palco, foi um vencedor controverso do Nobel de Literatura, em 1997

Da Redação

·
Escrito por Da Redação
Publicado em 13.10.2016, 14:48:50 Editado em 13.10.2016, 14:50:03
Imagen google News
Siga o TNOnline no Google News
Associe sua marca ao jornalismo sério e de credibilidade, anuncie no TNOnline.
Continua após publicidade

SÓ PODE SER PUBLICADO NA ÍNTEGRA E COM ASSINATURA

continua após publicidade

NELSON DE SÁ

SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS) - Morto nesta quinta (13) aos 90 anos, o italiano Dario Fo, bufão, dramaturgo e quase tudo mais no palco, foi um vencedor controverso do Nobel de Literatura, em 1997, premiado antes por sua trajetória voltada à retomada da literatura oral e popular do que à palavra escrita.

continua após publicidade

De todo modo, desde 1982, quando Antonio Fagundes protagonizou "Morte Acidental de um Anarquista", até a atual montagem da mesma peça com Dan Stulbach, sua dramaturgia se tornou referência de comicidade e politização no teatro brasileiro, em especial o paulistano.

Além dos citados, outros atores que devem a Fo algumas de suas principais atuações são Marília Pêra, que interpretou "Brincando em Cima Daquilo", Denise Stoklos, com "Um Orgasmo Adulto Escapa do Zoológico", Osmar Prado, com "O Fabuloso Obsceno", e Domingos Montagner, com "Mistero Buffo".

O próprio Fo protagonizou um momento histórico do teatro no país ao apresentar a mesma "Mistero Buffo" em 1989, com palco e auditório lotados, em São Paulo. Revelou-se então a sua arte por inteiro, não restrita ao texto escrito, mas partindo dele.

continua após publicidade

Entre as cenas que apresentou naquela noite, com caráter em parte didático, ele exemplificou um de seus recursos característicos, o Grammelot, o jogo onomatopaico com palavras sem sentido, parte do esforço de lançar pontes à commedia dell'arte, do século 15.

Marcadamente ligado à esquerda, era também crítico dela. No final da vida, pós-Operação Mãos Limpas, sua militância partidária foi próxima a Beppe Grillo, comediante como ele, mas não necessariamente à esquerda e sim contrário ao sistema -e a quem buscava defender do que via como estigmatização.

Não se encaixava com facilidade também no teatro socialista. Questionava Brecht, por exemplo, por identificar inspiração burguesa nas peças e teorias do autor alemão, diferentemente do seu, mais ligado à tradição popular, que vinha da Idade Média. Com uma diferença: era anticlerical, blasfemo até.

continua após publicidade

"Morte Acidental", texto com que o diretor Antonio Abujamra o apresentou e popularizou no país, marcou no teatro o fim da ditadura militar. Uma cena, em especial. Fagundes, um louco numa delegacia, citava o governo, dirigindo-se ao público, que completava: "Filho da puta!".

Em cartaz agora, o contexto é outro, mas a versatilidade do texto de Fo o torna novamente atual.

O Louco de Stulbach aborda indiretamente a Operação Lava Jato no que revela e também no que esconde. E exorta o público à tomada de consciência e do poder, sem intermediários de quaisquer cores.

Gostou desta matéria? Compartilhe!

Icone FaceBook
Icone Whattsapp
Icone Linkedin
Icone Twitter

Mais matérias de Geral

    Deixe seu comentário sobre: "Ligado à esquerda, Dario Fo era crítico e não se encaixava no teatro socialista"

    O portal TNOnline.com.br não se responsabiliza pelos comentários, opiniões, depoimentos, mensagens ou qualquer outro tipo de conteúdo. Seu comentário passará por um filtro de moderação. O portal TNOnline.com.br não se obriga a publicar caso não esteja de acordo com a política de privacidade do site. Leia aqui o termo de uso e responsabilidade.
    Compartilhe! x

    Inscreva-se na nossa newsletter

    Notícia em primeira mão no início do dia, inscreva-se agora!