SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS) - Manifestantes foram às ruas de Budapeste, na Hungria, neste sábado (1º), para protestar contra as políticas anti-imigrantes do premiê Viktor Orban.
O ato acontece um dia antes de um plebiscito para definir se o país aceita ou não abrigar imigrantes refugiados caso a União Europeia determine cotas obrigatórias de concessão de asilo aos países do bloco.
Os manifestantes carregaram cartazes com caricaturas de Orban, como uma em que ele aparece como "mini-primeiro-ministro", e dizeres de apoio aos refugiados, como "seja democracia, seja Europa".
O ato contou com a participação de diversas organizações de direitos civis e teve seu ápice diante do prédio do Parlamento.
Orban afirma que os húngaros não têm problemas com a comunidade muçulmana local, mas que qualquer cota imposta pela UE para conceder asilo a imigrantes refugiados dos conflitos no Oriente Médio, na Ásia e da África, que incluem muitos muçulmanos, destruiria a identidade e cultura cristã do país.
Na semana passada, ele afirmou em entrevista a um jornal nacional que a UE deveria reunir todos os imigrantes ilegais e deportá-los para campos de refugiados fora das fronteiras do bloco. "Isso poderia ser uma ilha, poderia ser uma área costeira do norte da África, mas a segurança e os suprimentos da área seriam garantidos pela UE", disse Orban.
O premiê espera que uma rejeição à cota de asilo no referendo nacional inspire ações semelhantes em outros países do bloco e force a UE a repensar a estratégia.
Uma pesquisa realizada em agosto pelo Instituto Publicus a pedido do jornal "Vasarnapi Hirek" mostrou que 35% dos mil entrevistados consideram obrigatório conceder asilo aos imigrantes refugiados que chegam ao país. Em setembro de 2015, essa porcentagem chegava a 64%.
Cerca de 5.600 muçulmanos vivem na Hungria, segundo o censo de 2011, o mais recente. Parte da comunidade mostra preocupação com o clima anti-islâmico no país. "Eu estou começando a sentir que minha própria terra natal está me repudiando", disse Timea Nagy, húngara muçulmana.
NA FRANÇA
Neste sábado, a justiça francesa proibiu a realização de um plebiscito marcado para este domingo em Allex, povoado do sul do país, sobre a abertura na cidade de um centro estatal de acolhimento para os imigrantes.
"Diante da intransigência do Estado e por obrigação que anulo o plebiscito", disse o prefeito de Allex, Gérard Crozier, acrescentando estar desapontado.
O tribunal administrativo de Grenoble, acionado pelo governo estadual, decretou que a decisão sobre o centro de refugiados não cabe ao município e, sim, ao Estado e por isso o plebiscito é inválido.
As autoridades francesas abriram o centro em Allex no último dia 13 de setembro, para abrigar 50 refugiados que chegaram ao país por Calais (norte). Os primeiros 11 imigrantes chegaram na semana passada à cidade, oriundos do Afeganistão, Iraque e Sudão.
O governo se comprometeu a reduzir o acampamento de imigrantes de Calais, que abriga, em condições precárias, milhares de famílias, e a distribuir seus ocupantes por todo o território nacional.
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