SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS) - Ao menos 54 pessoas morreram nesta segunda-feira (29) no Iêmen em um ataque com carro-bomba contra um centro de recrutamento do Exército do país, que luta contra grupos extremistas.
O atentado foi reivindicado pela facção terrorista Estado Islâmico e é o mais violento na cidade portuária de Aden, no sul do Iêmen, desde que ela foi retomada pelo governo, em julho do ano passado.
O diretor-geral do Ministério da Saúde em Aden, Al-Khader Laswar, disse que pelo menos outras 67 pessoas ficaram feridas.
A ação ilustra as dificuldades do governo para restabelecer a segurança na localidade, que foi declarada "capital provisória" iemenita.
De acordo com fontes oficiais, a explosão do carro-bomba aconteceu no pátio da escola "Sanafir", na zona norte de Aden. Os recrutas, reunidos no local, estavam no fim das formalidades para ingressar nas Forças Armadas iemenitas, que o governo, exilado na Arábia Saudita, pretende reforçar com a ajuda da coalizão árabe.
Segundo testemunhas, um homem-bomba aproveitou a entrada de uma caminhonete para avançar com seu veículo. A explosão foi tão forte que provocou o desabamento do teto de uma sala de aula sobre vários recrutas.
Os extremistas aumentaram os ataques contra as forças de segurança e autoridades políticas de Aden. O atentado anterior reivindicado pelo EI matou quatro policiais no dia 20 de julho.
No dia 6 de julho, as forças do governo, apoiadas pela coalizão militar árabe, expulsaram os extremistas de uma base militar que havia sido atacada após dois atentados contra o local.
GUERRA CIVIL
O conflito no Iêmen é uma das reviravoltas registradas após as manifestações populares de 2011 no Oriente Médio. O então ditador Ali Abdullah Saleh foi forçado a renunciar.
Iemenitas reuniram-se em um diálogo nacional para discutir o futuro do país, no que foi visto como um exemplo para a região.
A transição, no entanto, foi menos auspiciosa do que o esperado. Em 2014, a milícia radical houthi -em constante atrito com o governo- tomou a capital, Sanaa, e no início do ano seguinte decidiu dissolver o Parlamento.
Em 2015, o confronto escalou, com a entrada de outros atores regionais. Uma coalizão liderada pela Arábia Saudita passou a bombardear posições dos houthi.
Os houthi são aliados do ex-ditador Saleh e supostamente apoiados pelo Irã e pela milícia xiita libanesa Hizbullah. Assim, a guerra espalhou-se por esse país e tornou-se internacional.
A situação é dificultada também por um complicado emaranhado de divisões religiosas e relações tribais. O Iêmen abriga, além disso, uma das franquias mais violentas da rede terrorista Al Qaeda, para quem o caos político é uma oportunidade para fortalecer-se.
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