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Após 19 anos, usineiro é condenado por homicídio em Ribeirão Preto

MARCELO TOLEDO RIBEIRÃO PRETO, SP (FOLHAPRESS) - Em um júri popular que durou quase 12 horas, o herdeiro de usinas de açúcar e etanol Marcelo Cury foi condenado a nove anos e quatro meses de prisão por um crime que resultou nas mortes de duas pessoas e de

Da Redação

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Escrito por Da Redação
Publicado em 25.08.2016, 23:33:12 Editado em 25.08.2016, 23:35:10
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MARCELO TOLEDO

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RIBEIRÃO PRETO, SP (FOLHAPRESS) - Em um júri popular que durou quase 12 horas, o herdeiro de usinas de açúcar e etanol Marcelo Cury foi condenado a nove anos e quatro meses de prisão por um crime que resultou nas mortes de duas pessoas e deixou outra ferida há quase duas décadas em Ribeirão Preto (a 313 km de São Paulo). Ele vai recorrer em liberdade.

Cury matou, em 5 de abril de 1997, o representante comercial Marco Antonio de Paula, 29, e o comerciante João Falco Neto, 34, além de ferir Sérgio Nadruz Coelho, que ficou 39 dias internado após ser baleado, numa discussão na região do antigo Bar Albano's, na rica zona sul da cidade do interior paulista -região em que o usineiro mora num edifício de luxo.

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A discussão começou, segundo Coelho, porque Marco não gostou de ver o usineiro e seus colegas sentados sobre o capô de seu Vectra. Pediu ajuda a ele e a Falco Neto, que foram ao local onde tudo ocorreu.

Após os disparos, Cury deixou os corpos no chão e se dirigiu em alta velocidade para uma fazenda da família em Araraquara (a 273 km de São Paulo). De lá, saiu com o funcionário Arquimedes Ramos Neto em um Audi. Na fuga, o carro capotou e Ramos Neto morreu.

Enquanto a acusação defendia a tese de duplo homicídio e tentativa de homicídio, a defesa, que contou com laudo apresentado nesta semana pelo perito Ricardo Molina, sustentava que Cury agiu em legítima defesa. Foram disparados 11 tiros, atingindo inclusive as vítimas pelas costas.

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Cury foi condenado pela morte de Falco Neto. No caso de Marco, os jurados entenderam que o homicídio foi culposo (sem intenção), o que fez com que o crime fosse considerado prescrito. O mesmo aconteceu no caso de Coelho, segundo o promotor Eliseu Berardo disse à reportagem na noite desta quinta-feira (25). Ele afirmou que ainda vai avaliar a possibilidade de recurso.

Coelho considerou a decisão "lamentável". "E vai recorrer em liberdade, acredite se quiser", disse.

O JÚRI

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Coelho, que alega ter deixado Ribeirão na década passada com medo de ser morto -embora admita nunca ter recebido uma ameaça-, foi a primeira testemunha de acusação a depor e afirmou que Cury atirou pelas costas e que estava ciente do que fazia.

"Carrego as marcas daquele dia e nunca me esquecerei. Uma bala explodiu meu baço e perdi 70% de sangue na rua", disse ele, que tem marcas dos tiros nas costas e no braço esquerdo.

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Ele, que hoje mora no Rio de Janeiro, disse à reportagem ter sido atraído por uma notícia de TV que alardeava as maravilhas da "Califórnia Brasileira", forma como Ribeirão ficou conhecida nos anos 1980 em razão de suas boas condições econômicas.

Cury, por sua vez, disse na sessão ter sido agredido e tentou dar partida no veículo para sair e não sabia se estava sendo vítima de um assalto ou sequestro. Disse que, ao ser puxado do veículo, já estava com a arma na mão e perdeu o controle. Afirmou ainda que tudo foi muito rápido.

Já o promotor afirmou que o laudo de Molina, apresentado nesta terça-feira (23), era "imprestável" e que Cury não agiu em legítima defesa. O perito disse ter analisado laudos necroscópicos e depoimentos de testemunhas à época do crime para produzir uma reconstituição computadorizada e provar que o usineiro apenas tentou se defender.

MANIFESTAÇÃO

Antes do início do júri, familiares de Falco Neto protestaram em frente ao Fórum devido à lentidão para o julgamento do caso.

Embora o crime tenha ocorrido há 19 anos, Cury nunca havia sido julgado e conseguiu postergar o júri graças a manobras jurídicas. Foi defendido pelo ex-ministro da Justiça Márcio Thomaz Bastos (1935-2014) e, atualmente, é cliente do escritório de Antônio Cláudio Mariz de Oliveira.

Sua defesa conseguiu anular duas sentenças de pronúncia do TJ (Tribunal de Justiça), em que o juiz Luís Augusto Freire Teotônio dizia haver elementos suficientes para mandar Cury a júri popular. Na terceira vez, com documento assinado por outro magistrado, os desembargadores concordaram que o processo poderia seguir.

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