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Desfile na cracolândia tem samba-enredo e “bateria nota dez”

GIBA BERGAMIM JR. SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS) - Surdo, caixa, repinique e tamborins são tocados pelo grupo sob o comando de um mestre. Até parece a descrição de uma bateria de escola de samba num desfile no sambódromo. Mas a passarela do samba é a rua Hel

Da Redação

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Escrito por Da Redação
Publicado em 05.02.2016, 16:49:13 Editado em 27.04.2020, 19:53:09
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GIBA BERGAMIM JR.
SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS) - Surdo, caixa, repinique e tamborins são tocados pelo grupo sob o comando de um mestre. Até parece a descrição de uma bateria de escola de samba num desfile no sambódromo. Mas a passarela do samba é a rua Helvétia, mais precisamente o fluxo, o coração da cracolândia, em São Paulo.
Ali, um desfile teve início na tarde desta sexta-feira (5). Atraiu não só dependentes químicos como alguns moradores do entorno, artistas de rua e produtores culturais.
Os ritmistas são dependentes químicos “pescados” no fluxo. O mestre é Anderson Rogério Santos, 37. Arte-terapeuta do programa Recomeço, do governo estadual, ele começou a buscar os músicos no meio do fluxo.
“É um trabalho de dez meses. Fui conversando com os dependentes. Descobri gente que já sabia e gente que queria aprender. Deu certo. Para mim, a música é uma maneira de reconstruir o ser humano”, disse Santos, que aprendeu tudo sobre samba na zona norte. Fez parte da bateria da Império de Casa Verde.
A bateria é parte da Blocolândia, bloco de carnaval formado no ano passado com a ajuda de coletivos culturais.
Caíque Santos Alckmin, 22, frequenta a Cracolândia há cerca de 5 meses. Usa álcool hoje, mas já se entregou ao crack, droga com quem ainda trava uma luta. Quer se livrar para sempre.
“As pessoas olham para a gente com preconceito, não imaginam que a gente é capaz de fazer música. Quando começar, você vai ver”, disse ele.
Ele é quem deu as primeiras batucadas para o desfile começar. “Eu é que chamo a bateria”, diz, usando um termo para se referir à batucada que ele faz no repenique.
Depois que ele começa, todos os demais o seguem: surdo, caixa, tamborim. Santos demonstra intimidade com o instrumento.
O bloco seguiu pela rua Helvétia. Ao passar pelo fluxo, ganhou novos adeptos. Mulheres caíram no samba carregando seus cachimbos. Tudo acompanhado à distância pela Guarda Civil Metropolitana.
Ana Cristina Pereira de Deus, 49, mostra orgulhosa o marido fazendo as vezes de intérprete.
“A gente é da comunidade, somos do programa Braços Abertos. Estamos felizes demais com esse dia”, disse ela. “Estou limpa desde que tive o meu terceiro AVC (acidente vascular cerebral).
Fantasias foram distribuídas pelos coletivos que apoiam o projeto.
Com um megafone nas mãos, o educador social Rafael Scobar, 28, cantou o samba-enredo da Coração Valente.
“Chegou, chegou, chegou. A nossa comunidade firmou. Como diziam os antigos, até no lixão nasce flor”, diz o refrão.

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