FELIPE SOUZA
SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS) - Depois de passar 55 dias ocupada por estudantes contra a reorganização escolar proposta pelo governo Geraldo Alckmin (PSDB), a escola estadual Fernão Dias Paes, em Pinheiros, na zona oeste de São Paulo, retomou as aulas nesta quarta-feira (6).
As aulas reiniciadas nesta quarta são reposições referentes ao período que os estudantes ficaram sem estudar por causa da ocupação. Segundo a direção do colégio, elas devem ocorrer até o dia 5 de fevereiro, inclusive aos sábados. O ano letivo começa em 15 de agosto -dez dias depois.
Mas, de acordo estudantes ouvidos pela reportagem, as aulas foram retomadas de uma forma menos formal e mais "humana" por parte dos professores. A primeira diferença é que, ao invés de fileiras, as carteiras das salas agora estão organizadas em círculos. Os professores também aproveitaram o primeiro dia do retorno para fazer apenas debates com os alunos sobre como o ensino pode melhorar no colégio e o que aprenderam com os protestos.
Estudantes disseram que a mudança nas carteiras deu a impressão de que eles ficaram mais próximos do professor e dos colegas de classe. "A aula de hoje foi olho no olho. A relação entre a gente ficou mais íntima, nada do professor se isolar na frente da sala e a gente só escutar", afirmou o aluno do 2º ano do ensino médio Ighor Siqueira, 16.
De acordo com a Secretaria de Estado da Educação, quatro escolas continuam ocupadas em protesto contra a reorganização. A pasta, porém, não informou quais são essas unidades.
Duas delas já estão fazendo a reposição de aulas em outros colégios da região.
A estudante do 2º ano do ensino médio do colégio Alana Aloe dos Anjos, 16, afirmou que a primeira impressão é que os alunos estão mais livres. "Os professores estão mais abertos a propostas, a conversas e debates. A estrutura da escola também melhorou porque antes não tínhamos nem papel higiênico nos banheiros e agora temos até para enxugar as mãos", contou.
PROTESTOS
O movimento de ocupação surgiu como protesto contra a medida da gestão Geraldo Alckmin (PSDB) que fecharia 92 unidades de ensino e transferiria 311 mil alunos. Segundo o governo, há escolas ociosas, com menos alunos do que sua capacidade.
As ocupações e protestos nas ruas fizeram com que Alckmin suspendesse a mudança, o que resultou também na saída do então secretário de Educação Herman Voorwald. Segundo o governo, depredações em 81 escolas causaram prejuízo de R$ 1 milhão.
Apesar do recuo, parte das ocupações foram mantidas. Os alunos pediam a revogação definitiva do plano, e não apenas sua suspensão.
Alunos de escolas ocupadas passaram o Natal e o Ano-Novo nas unidades. Na Fernão Dias, alunos fizeram uma ceia em volta de uma fogueira no pátio do colégio. Heudes Oliveira diz esperar que outras reivindicações sejam atendidas. Entre elas, a retomada de uma oficina de teatro que havia aos sábados na escola.
Escrito por Da Redação
Publicado em 06.01.2016, 12:53:56 Editado em 27.04.2020, 19:53:51
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