SÉRGIO RANGEL
RIO DE JANEIRO, RJ (FOLHAPRESS) - Um ano depois da abertura dos Jogos Olímpicos, várias arenas construídas para o evento estão deterioradas ou subutilizadas. Um exemplo é o lago artificial do circuito de da canoagem slalom, que tem cerca de 20 milhões de litros de água suja e parada.
A corredeira artificial é uma das instalações esportivas mais complexas erguidas para a disputa da Olimpíada.
A construção do Parque Radical de Deodoro, que também inclui pistas de BMX e Mountain Bike, chegou a atrasar um ano. A obra para a construção do parque e de mais seis instalações esportivas em Deodoro foi orçada em R$ 625 milhões.
O lago artificial está fechado desde dezembro, quando o contrato da Prefeitura do Rio com a empresa que administrava o local se encerrou.
Desde então, a água da chuva e a sujeira deixaram o local com um aspecto desolador. De acordo com a Prefeitura do Rio, o lago começou a ser limpo na última quinta-feira (3). A operação para que ele possa novamente ser utilizado deverá durar quase duas semanas.
"O lago está insalubre. Fizemos na semana passada uma convocação emergencial para escolher uma empresa que vai limpá-lo", disse Patrícia Amorim, subsecretária de Esporte e Lazer do Rio.
A corredeira olímpica possui quatro bombas (cada uma custou R$ 250 mil) e uma série de equipamentos sofisticados. "Por isso, temos que entregar a limpeza para uma empresa com experiência no setor", acrescentou Patrícia.
A operação é delicada e não irá esvaziar o lago. Será feita com produtos químicos e máquinas. O volume de água para encher o lago é equivalente ao de dez piscinas olímpicas (50 m).
Em 2015, o processo para enchê-lo foi feito de forma lenta para não prejudicar o abastecimento de água da população ao redor.
O lago era uma das principais opções de lazer da região, que está entre as mais carentes da cidade. Aberto oficialmente em dezembro de 2015, o local era usado como um piscinão com tem três níveis de profundidade (1,95 m, 1,20 m e 0,45 m). Se tornou "point" tão disputado quanto o Piscinão de Ramos.
"Isso aqui já divertiu muita gente. Foi uma alegria. O mais triste é ver esse espaço fechado, praticamente abandonado. E essa criançada sem fazer nada em casa", conta José da Silva, 51, que mora em frente à entrada do parque.
REABERTURA
A prefeitura garante que o espaço será reaberto no ´próximo dia 21 de setembro.
No início do ano, o prefeito Marcello Crivella havia prometido reinaugurar o parque até o final do verão, que terminou em março.
Um acordo está sendo costurado junto ao governo federal e contará também com a CBCa (Confederação Brasileira de Canoagem).
"Recebemos esse equipamento sem previsão orçamentária. Queremos que a população use, mas precisamos também gastar o dinheiro público com cautela. Por isso, precisamos desse tempo para entender a operação", disse Patrícia Amorim.
De acordo com a subsecretária, o município desembolsou R$ 5,8 milhões nos últimos três meses do ano passado para operar o parque. Na nova modelagem, o parque, que contará com escolinhas de canoagem, skate, BMX e vôlei de praia, funcionará com um orçamento de cerca de R$ 10 milhões por ano.
"O legado vai existir. A nossa intenção é transformar Deodoro num centro de talentos do nosso esporte. Os projetos já existem. Esperamos apenas a oficialização do acordo em breve", disse o presidente da CBCa, João Tomasini Schwertner. Pelo menos quatro campeonatos mundiais do esporte estão marcados para ser disputados na corredeira nos próximos dois anos.
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