ALEX SABINO E GUILHERME SETO
SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS) - A construção do estádio teve como pano de fundo disputas pelo projeto original. Apesar da contestação de especialistas da Odebrecht, que executou a obra, prevaleceu a visão mais grandiosa do estádio. A reportagem apurou que o modelo de negócios original apresentava dados que dificilmente seriam factíveis.
Um deles era a promessa de que cerca de duas mil pessoas visitariam a Arena por dia. Os tours foram iniciados em maio deste ano. Em dois meses, segundo o Corinthians, foram vendidos 10 mil ingressos, o que dá uma média de apenas 167 visitantes por dia.
A queixa de especialistas envolvidos no projeto é que teria sido possível fazer o estádio com capacidade parecida, em área menor e gastando menos.
O plano de negócios previa R$ 400 milhões pela venda dos naming rights que ainda não aconteceu. Há problemas no aluguel dos camarotes e no projeto de bares e lanchonetes.
"Pelo balanço do fundo, podemos ver que a receita é pífia. Mal conseguiu gerar receita para pagar suas despesas de manutenção e funcionamento. Foi feita uma engenharia financeira extremamente otimista para esta obra e o que seria a arrecadação posterior", afirma Rogério Yamada, consultor financeiro, auditor e sócio do clube.
A Prefeitura de São Paulo autorizou o fundo a emitir R$ 470 milhões (valor reajustado) de CIDs (Certificados de Incentivo ao Desenvolvimento), um incentivo fiscal para a obra.
Empresas podem comprar o papel e quitar impostos municipais com desconto. Segundo a auditoria, no ano passado foram vendidos 356 certificados, o que gerou receita de R$ 9,7 milhões.
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